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Djokovic, Shelton e o deboche que existiu, mas ninguém admitiu

Match point. Novak Djokovic termina uma clínica de tênis no Estádio Arthur Ashe, despachando o garotão Ben Shelton, 20 anos, grande hype americano durante os últimos dois dias - e, possivelmente, os próximos anos - de US Open. Um jovem ambicioso, dono de um tênis ousado (ainda que sem tanto conteúdo para uma semifinal de slam) e que gritou e chamou o público para o jogo durante boa parte das 2h41min de partida.

Djokovic vence o último ponto e faz o gesto de quem está desligando o telefone. O mesmo gesto que Shelton fez após algumas de suas vitórias em Nova York. Recado dado. Fim de linha para o desafiante.


Evidentemente, como em tudo no tênis, muita gente não curtiu a atitude de Djokovic. "Deboche." "Desnecessário." "Mal educado." "Tripudia." "Desprezo." Normal. Se alguém faz algo um pouco fora do habitual no tênis, há alguém para criticá-lo (inclusive este jornalista aqui).

Dito isto, admito que me diverti quando vi a comemoração do sérvio. Não tenho aqui procuração para defendê-lo nem sou grande fã de certas manifestações de Djokovic. Acho que o sérvio tende a passar do ponto ao procurar inimigos que não existem durante partidas. Ontem, contudo, acho que o cenário criado desde terça-feira contribuiu. A imprensa americana fez um hype estratosférico - como só ela sabe fazer - a torcida passou do ponto (comemorando saques errados e outras bobagens do tipo) e até o próprio Shelton contribuiu, claramente curtindo enquanto o público exagerava.

Djokovic, então, fez o que ele sabe fazer de melhor. Achou um inimigo para motivá-lo e, ao fim do jogo, debochou mesmo. Um desabafo. E como todo mundo bem sabe, ele não está muito preocupado com a repercussão desse tipo de gesto (embora Nole não admita isso com tanta frequência).

Shelton ficou pistola. O handshake foi gelado. Os fãs do americano não curtiram. A polêmica logo tomou de assalto o X (antigamente conhecido como Twitter), a rede mais hostil do planeta. Só que nenhum dos dois admitiu a controvérsia.

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Entre outras coisas, Shelton disse que só viu o gesto de Djokovic depois da partida e que "se você ganha a partida, pode fazer o que quiser". Falou também que aprendeu desde pequeno que imitações são a forma mais sincera de elogiar alguém. Uma resposta aparentemente ensaiada antes da coletiva e que, a julgar pelas redes sociais, foi muito bem dada - mas não convenceu tanta gente assim.

Djokovic, por sua vez, disse "eu simplesmente amo a comemoração do Ben. Eu achei muito original e copiei ele. Roubei sua comemoração." E basta ver a cara do sérvio ao dar a resposta acima para entender o que ele quis dizer.

Sem polêmica, então? Em público, pelo menos, o jogo segue assim - e Djokovic, com uma final para jogar amanhã, tem mais com o que se preocupar. Mas fiquemos de olho para ver como será quando os dois se esbarrarem novamente no circuito.

Coisas que eu acho que acho:

- Em redes sociais, curtidas às vezes dizem mais do que certos posts. Um perfil na rede X apontou que Tommy Paul, compatriota derrotado por Shelton no US Open, andou curtindo todos os posts que mostravam a comemoração de Djokovic. Ou seja: o garotão Ben andou incomodando mais gente por aí.

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- Quem conhece o meio do tênis sabe: Djokovic deve ter recebido uma dúzia de mensagens do tipo "parabéns por botar Shelton em seu devido lugar." É assim, pelo menos, que o meio vê esses garotos ousados (ou abusados) em ascensão.

- Não custa lembrar: apoiadores do blog vem recebendo, diariamente, análises em áudio das partidas mais importantes do US Open. Ontem gravei análises de Djokovic x Shelton e Medvedev x Alcaraz. Hoje, gravarei após a final feminina e também enviarei uma prévia da decisão masculina.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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