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Derrotas do Brasil no quali não surpreendem

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

12/01/2021 12h32

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No terceiro dia do qualifying para o Australian Open, o Brasil já não tem mais chances de colocar outro simplista no primeiro slam da temporada. Gabriela Cé, Thiago Wild, João Menezes e Felipe Meligeni foram eliminados. Thiago Monteiro será o único representante do país na modalidade, e é preciso constatar que, infelizmente, o resultado, de forma geral, não é surpreendente.

Gabriela Cé, número 1 do Brasil e 237 do mundo, chegou a Doha (onde está sendo realizado o quali por causa da pandemia) em péssima fase: 11 derrotas seguidas. Para piorar, enfrentou logo de cara uma cabeça de chave - a italiana Elisabetta Cocciaretto, #132 e dona de um histórico de três vitórias em três jogos contra a brasileira. Além disso, o piso não ajudava. Desde 2019, Cé somou apenas três vitórias em quadra dura. Resultado? Vitória fácil de Cocciaretto por 6/3 e 6/1.

João Menezes e Felipe Meligeni, números 193 e 230 do ranking, respectivamente, tiveram brilhos aqui e ali, mas ainda não mostram tênis consistente no nível exigido para um slam. Os dois avançaram à segunda rodada do quali, o que já pode ser considerado lucro. Para Menezes porque ele teve de salvar três match points diante do argentino Andrea Collarini (#203) na primeira rodada; para Meligeni porque é seu primeiro quali de slam na carreira, e a vitória sobre o experiente Martin Klizan (#152), ex-top 25, mostrou um pouco mais de seu potencial, mas nem era tão esperada assim.

No fim, Menezes foi eliminado pelo holandês Botic Van De Zandschulp (#156) por 6/3, 6/7(1) e 6/4, e Meligeni perdeu para o tcheco Tomas Machac (#197) por 6/1 e 7/6(4). Ambos ainda terão muitas outras chances de disputar slams, o que eventualmente vai acontecer com seu crescimento tenístico.

A melhor chance do país parecia ser com o número 2 do Brasil, Thiago Wild (#117). O quali do AO era também uma oportunidade para o paranaense mostrar que a série de sete derrotas tinha ficado no (ano) passado. Diante do veterano Robin Haase (33 anos, atual #198), ficaram nítidas algumas falhas no jogo de Wild. Com a devolução, colocou bem menos bolas em jogo do que deveria. Até no tie-break final, quando tinha vantagem, os bloqueios/slices de direita facilitaram muito a vida do holandês.

Haase foi inteligente e conseguiu equilibrar o jogo até no fundo de quadra, de onde ele não deveria levar vantagem contra os golpes mais potentes do brasileiro. O veterano usou muitas bolas altas com spin na direita e muitos slices na esquerda. Colocou bolas em jogo e pagou para ver o que Wild faria. O jovem de 20 anos errou mais do que devia no ataque - inclusive no match point, em uma bola "morta" no meio da quadra - e acabou sucumbindo por 6/3, 4/6 e 7/6(8) mesmo depois de ter a vantagem de sacar em 8/6 no game de desempate. Cometeu uma dupla falta para ceder o mini-break de volta, viu Haase confirmar seus dois saques e depois errou a tal direita no match point.

Coisas que eu acho que acho:

- A situação de Gabriela Cé é delicada. A gaúcha não vence há 12 jogos e só triunfou em duas partidas em todo o ano passado. No momento, o ranking congelado ainda permite que ela mantenha seu ranking no top 300. Se não somar mais até março, quando o ranking será descongelado, Cé pode cair para perto do número 800 do mundo.

- Wild não vence desde setembro do ano passado, mas as regras do ranking congelado jogam muito a seu favor. Dos 589 pontos do paranaense, 250 vieram do ATP de Santiago e outros 80 do Challenger de Guaiaquil. Os pontos do torneio chileno ficarão em sua soma até o fim de fevereiro de 2022, e o que foi conquistado no Equador permanecerá contando até novembro de 2021. A margem é boa para que ele continue na zona perto dos slams, jogando outros ATPs e somando pontos que possivelmente evitarão uma queda brusca quando Santiago e Guaiaquil saírem de seu somatório.