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Um sonho australiano e um velho recorde ainda na mira

Montagem com fotos de Divulgação/Adelaide International e Divulgação/Tennis Australia
Imagem: Montagem com fotos de Divulgação/Adelaide International e Divulgação/Tennis Australia

Colunista do UOL

18/01/2020 11h02

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Após perder quatro finais de slam consecutivas, Serena Williams continua atrás do 24º slam em simples. É o troféu que lhe falta para igualar o recorde da australiana Margaret Court, maior vencedora de todos os tempos. Vindo de um título em Auckland, ainda que diante de adversárias de calibre inferior, a americana coloca-se mais uma vez como a grande favorita em Melbourne.

Para os australianos, contudo, o sonho é outro. Pela primeira vez desde 1977, o torneio feminino tem uma cabeça de chave número 1 caseira. A responsabilidade é de Ashleigh Barty, atual campeã de Roland Garros e número 1 do mundo. Para aumentar ainda mais a expectativa, a jovem de 23 anos conquistou neste fim de semana o título do WTA de Adelaide e tem uma chave um tanto acessível em Melbourne.

No circuito feminino, contudo, a chance de zebra é grande, não só pelos jogos em melhor de três, mas também pelo maior equilíbrio existente na WTA. O que este post tenta é analisar as chaves das quatro principais cabeças de chave e imaginar alguns dos vários cenários que podem se desenhar ao longo das próximas duas semanas.

Serena: a favorita

A veterana de 38 anos é, mais uma vez, a mais cotada nas casas de apostas. Tem sua lógica. Serena é quem tem o maior potencial do circuito. Se fizer as duas semanas jogando seu melhor, é praticamente imbatível. Agora, pela primeira vez desde a gravidez, ela começa um slam vindo de um título e cinco vitórias consecutivas. Não que triunfos sobre gente como McHale, Siegemund e Pegula signifiquem muito para Serena, mas é sempre um ritmo de jogo adquirido que não pode ser desprezado.

Seu quadrante em Melbourne é que não é tão simples assim. Depois de uma estreia contra Potapova, a americana pode ter algum problema contra Qiang Wang na terceira rodada. A partir das oitavas, a coisa fica bem mais complicada. A rival aí pode ser Johanna Konta (que no dia certo pode varrer Serena da quadra, mas no dia errado pode ser superada em menos de uma hora), a perigosa Dayana Yastremska (agora treinada por Sascha Bajin) ou Caroline Wozniacki, que faz o último torneio da carreira.

Nas quartas, a favorita para encarar Serena é Naomi Osaka. Na semi, Ashleigh Barty. Resumindo? Diante das possibilidades, a americana tem um caminho ingrato até o título. Vale, contudo, a ressalva de sempre: quem vai dizer que Serena não pode atropelar todo mundo aí e levantar o troféu?

Barty: a queridinha

Número 1 do mundo, principal cabeça de chave e vindo de um título em Adelaide. Certamente, será diferente para Ashleigh Barty viver Melbourne em 2020. Sam Stosur passou por uma experiência parecida em 2012, pouco depois de conquistar o US Open, e não lidou bem com a expectativa. De fato, toda a badalação pode afetar até a Barty-pé-no-chão que o mundo conhece.

Uma semana, até parecia que isso estava acontecendo. Barty começou o ano vindo de uma derrota doída na Fed Cup em casa, na Rod Laver Arena, e tombou na estreia no WTA de Brisbane. Em Adelaide, saiu perdendo na primeira rodada para Pavlyuchenkova antes de virar o jogo e arrancar para o título. Será que a pressão ficou para trás? De certo modo, jogar em Adelaide na semana anterior à do Australian Open talvez tenha feito bem para Ash. Ao chegar em cima da hora em Melbourne, teve menos tempo para sentir expectativa e ansiedade.

Sua chave não é das piores. Pega Tsurenko na estreia, Hercog/Peterson na segunda rodada e Pera/Rybakina/Sasnovich/Minnen na terceira. As principais cabeças na seção que define sua rival de oitavas são Martic e Riske (Goerges, que não é cabeça de chave, também está na seção). Depois, nas quartas, Barty pode duelar com Kvitova, Keys, Sakkari ou Alexandrova. Está longe de ser uma rota ruim antes de enfrentar Serena ou Osaka (ou uma zebra) nas semifinais. Logo, a Austrália tem bons motivos para acreditar em Ash.

Halep: a melhor chave

A romena não chega tão badalada ao torneio. Nem terminou tão bem a temporada 2019 nem passou das quartas em Adelaide (caiu diante de Sabalenka). Maaaaas no calor e em partidas longas nunca convém descartar Simona Halep, que retomou a parceria com o excelente técnico Darren Cahill.

Além disso, a chave da ex-número 1 este ano é um tanto favorável. Mertens, Muchova e Collins são os nomes mais fortes em sua rota até as quartas, quando Halep enfrentaria a vencedora da seção que tem Bencic, Sabalenka, Vekic, Kontaveit, Sharapova, Swiatek e Ostapenko. Em dias normais, Bencic e Sabalenka oferecem perigo. No caso da Sharapova e Ostapenko, seria necessário que elas voltassem a mostrar algo que não exibem há tempos. É justo dizer, portanto, que Simona é favorita pelo menos para alcançar as semifinais em Melbourne.

E a final? Simona não é favorita para chegar lá também? É disso que trata o próximo parágrafo…

Pliskova: o caminho mais duro

A não ser que tire da cartola duas semanas espetaculares, a ex-número 1, ainda sem slam, deve amargar a seca por pelo menos mais alguns meses. Campeã do forte WTA de Brisbane, há uma semana, Pliskova parece rumar para mais um capítulo da sua recorrente novela título-no-pré-slam-derrota-precoce-no-slam.

A chave de Karolina é um pesadelo. Desde a estreia contra Mladenovic, incluindo uma possível segunda rodada contra Coco Vandeweghe (ou Laura Siegemund) e uma terceira fase contra Pavlyuchenkova, Pagula ou Townsend. Se chegar às oitavas, Pliskova pode encarar Kerber, Kuznetsova, Vondrousova ou Giorgi. Nas quartas, pode aparecer Svitolina, Muguruza, Bertens, Anisimova, Sevastova ou outra. Deu para entender o tamanho do drama, né?

Logo, Simona Halep é a favorita, pelo menos por enquanto, nessa metade da chave. Isso, é claro, pode mudar ao longo das duas semanas, afinal dá para imaginar que quem avançar no quadrante de Pliskova chegará à semi vindo de vitórias importantes e com uma boa dose de confiança.