Rivaldo: "Também fui chamado de 'mono' na Espanha. Vini não tem de sair."

Vinicius Júnior é disparado a maior vítima de racismo no futebol espanhol.

Não é a única. Iñaki Williams foi agredido no estádio do Espanyol, Rudiger no campo do Cádiz. Só mais dois exemplos.

Rivaldo também foi vítima e um caso mais parecido com o de Vinicius Júnior.

Sem contar Ronaldo, que em 2005 se auto declarou branco, Rivaldo é o caso de jogador eleito melhor do mundo, negro, atuando na Espanha. Era do Barcelona, que não ganhou a Champions League, não era campeão mundial pela seleção naquele momento e, mesmo assim, foi escolhido pela Fifa e pela revista France Football como o melhor jogador do planeta. Ronaldinho e Romário, também negros, também foram eleitos pela Fifa, enquanto atuavam pelo Barcelona.

Naquele tempo, não havia racismo? Havia!

"Eu era chamado de Mono. Percebia quando ia bater um escanteio, às vezes na chegada do ônibus. Cada um reage de um jeito. Eu não olhava, fingia que não era comigo. Talvez isso tenha feito as pessoas acharem que não me influenciava. Comigo, não foi no nível que está acontecendo com Vinicius."

Apesar da gravidade do problema, Rivaldo julga que Vinicius Junior não tem de renunciar ao seu sonho: "Ele não tem de sair do Real Madrid. Tem de continuar jogando como está, em alto nível."

Rivaldo julga difícil parar o que está havendo, mas entende que o jogo de ontem deveria ter sido interrompido e não gter voltado a ser disputado. "Talvez fazer jogos em estádios fechados, sem torcida, ajude a diminuir o que está acontecendo. Tem muita gente má no mundo."

O telefonema para Rivaldo foi justamente pelo olhar para o passado e pela pergunta: qual jogador negro, na Espanha, foi eleito melhor do mundo.

Ronaldo foi. Mas se auto declarou branco, nesse período. Rivaldo foi e sempre se orgulhou de sua condição.

Rivaldo diz que foi agredido pela cor de sua pele. Não no nível de Vinicius Júnior. Mas, naquele tempo, 25 anos atrás, o racismo já fazia parte do cotidiano da Liga Espanhola.