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Mercedes comprou briga com a FIA após acusação, pode ir fazendo sua pipoca

Primeiro uma publicação alega que chefes de equipe estariam revoltados com as informações privilegiadas que Toto Wolff estaria tendo e que só poderiam vir da administração da Fórmula 1. A história não ganha tração em meios sérios porque a Business F1 é conhecida por soltar textos buscando gerar algum movimento político na categoria. Alguns dias depois, no entanto, vem a surpresa: um comunicado de que a Federação Internacional de Automobilismo está investigando o caso, sem citar nomes.

A mensagem chegou às 17h30 da terça-feira, pelo horário da Inglaterra. Pouco menos de 3h depois, vem a resposta da Mercedes, com alguns pontos interessantes. Eles citam um "comunicado genérico, respondendo a alegações não-substanciais de um único meio de comunicação" e dizem que desconheciam qualquer investigação até a mensagem pública da federação. E pedindo uma correspondência "transparente e completa" do departamento de compliance da FIA.

Pouco menos de uma hora depois, é Susie Wolff, outro personagem central na história, quem reage. A diretora da F1 Academy, categoria feminina lançada pela F1 ano passado, e esposa do chefe da Mercedes, Toto Wolff, se diz "profundamente insultada, embora pouco surpresa" com as alegações, creditando-as ao machismo ainda muito forte no esporte e que ela, como ex-piloto e ex-chefe de equipe na Fórmula E, conhece muito bem. Entre as curtidas recebidas pela postagem estão Lewis Hamilton e Charles Leclerc, além de vários membros de equipes e profissionais da área.

A história é toda muito estranha mesmo. O único exemplo concreto dado pela publicação é a divulgação de informações sobre a quebra do teto orçamentário de 2021 por parte da Red Bull. A alegação é de que nem o time sabia que suas contas tinham sido reprovadas quando a informação saiu na imprensa, o que já dá um bom indicativo de quem está fazendo essas acusações.

Quando o Auto Motor und Sport e o Motorsport.com na versão italiana foram os primeiros a publicar que havia a suspeita de que a Red Bull tinha quebrado o teto, às vésperas do GP de Singapura, as fontes vinham da Mercedes e também da Ferrari. Mas tudo indica que só parte da história está sendo lembrada agora.

Existiu, de fato, muita especulação no passado sobre a possibilidade de Toto Wolff receber informações privilegiadas, mas não vindas de sua esposa que, convenhamos, não tem uma posição que lida com informações tão confidenciais assim, estando no comando da F1 Academy. As suspeitas recaíam sobre a ex-advogada pessoal de Wolff, Shaila-Ann Rao, que assumiu em 2022 a posição de secretária geral de esporte interina na FIA. Foi nessa época que houve a famosa reunião dos chefes de equipe no GP do Canadá, para discutir uma diretiva técnica para diminuir os saltos dos carros, quando Toto teve uma discussão forte com Christian Horner, flagrada pela série da Netflix "Dirigir para Viver".

A Mercedes acabou não sendo beneficiada pela diretiva técnica e o assunto perdeu força, voltando agora com o nome de Susie ao invés de Shaila.

É claro que o austríaco tem mesmo fome de poder, já teve enorme influência na Mercedes e na Williams ao mesmo tempo, já tentou ter cargo alto na própria gestão da F1. E conquistou alguns desafetos ao longo do caminho.

Conhecendo a maneira política como o presidente da FIA, Mohammad ben Sulayem, vem conduzindo seu mandato, é de se imaginar que se trata de alguma ação coordenada para atingir Wolff ou a Mercedes por algo que está acontecendo nos bastidores, lembrando que existe muita tensão entre a Liberty Media, que detém os direitos comerciais da F1, e a FIA, muito em função de decisões unilaterais e posturas de Sulayem.

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Dia 8 de dezembro, nesta sexta-feira, acontece o FIA Gala, evento em que os três primeiros colocados no campeonato da F1 (e de outras categorias) são coroados oficialmente. É um momento de grande visibilidade para o presidente, então aguardemos os próximos capítulos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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