Como a Andretti foi aprovada, mas ainda não pode comemorar entrada na F1
A Federação Internacional de Automobilismo confirmou a aprovação da inscrição da Andretti para entrar na Fórmula 1 e jogou a bola para a detentora dos direitos comerciais da categoria, a Liberty Media. Cabe à Liberty agora entrar em acordo com a nova equipe para acertar os termos financeiros e sacramentar a chegada de um 11º time no campeonato. Mas essa etapa é a mais complicada para a Andretti.
O time vem tentando há pelo menos dois anos entrar no campeonato. Primeiro, foi atrás de equipes potencialmente à venda, e chegou a ter discussões avançadas com a Sauber, que acabou fechando para ser o time de fábrica da Audi quando a montadora entrar na F1, em 2026.
Em 2021, já havia no paddock a noção de que não era a hora de uma venda total como queria a Andretti, uma vez que as equipes vivem um momento de valorização acelerada. A Williams, por exemplo, foi vendida por uma quantia menor em 2020 do que a negociação de cerca de um quarto da Alpine, realizada no primeiro semestre de 2023.
Logo ficou claro que o único caminho de entrada seria como uma nova equipe, até porque a FIA abriu um processo de seleção. O anúncio de hoje era esperado há semanas e só ratifica a aprovação da inscrição, sem garantir que a Andretti entrará, de fato, na F1.
O processo da FIA, que começou em fevereiro, leva em consideração uma série de aspectos técnicos, financeiros e, pela primeira vez, de sustentabilidade.
Desde que ficou claro que o caminho de compra de uma equipe existente não seria factível, a Andretti vem tentando fechar todas as lacunas possíveis. Eles estão, há meses, recrutando engenheiros no mercado, anunciaram que estão começando a levantar a fábrica, prevista para entrar em operação em 2025, e fecharam uma parceria com a General Motors, que inicialmente daria nome a um motor existente com sua marca Cadillac, mas poderia entrar no campeonato também como montadora.
Por que a Andretti ainda não está confirmada na F1?
O anúncio desta segunda-feira ajuda a pressionar a Liberty Media a entrar em um acordo, mas o termômetro no paddock é de que isso não é muito provável no momento.
Dentro desse ambiente de valorização da Fórmula 1 e das equipes, o que tem a ver com o aumento do interesse gerado pela categoria e também pela adoção do teto orçamentário, que ajuda a manter as contas controladas e aumenta a possibilidade de retorno financeiro, há a noção entre as equipes de que não é o momento de expandir.
E há outro detalhe importante. O Pacto da Concórdia, contrato que firma as bases comerciais da F1, foi firmado antes desse crescimento e previa uma taxa de 200 milhões de dólares para a entrada de novos times justamente para evitar um baque nas contas das demais equipes. Mas esse valor é considerado obsoleto pelos times, que querem pelo menos tripicá-lo. O atual contrato vale até o final de 2025, e as negociações já começaram.
É bom lembrar que parte do dinheiro que a Liberty faz com a Fórmula 1 é dividido entre as equipes e também é usado para custear a logística, por exemplo. Então, na ótica das equipes, só vale a pena ter uma concorrente se ela for aumentar consideravelmente os lucros da categoria.
E há questões de logística também. Em algumas pistas, como Mônaco e Zandvoort, é difícil alocar mais equipes, levando em consideração que um time de F1 hoje é muito maior do que era quando a categoria tinha mais de 20 carros no grid.
Ou seja, não há data para uma decisão final sobre a Andretti. O que a FIA fez foi deixar claro qual é o verdadeiro entrave para que os norte-americanos entrem no grid da Fórmula 1.
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