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Paulo Anshowinhas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

De traje espacial ele salta de pontes e penhascos e já atingiu 300 km/h

O paraquedista Luiz Sabiá em seu wingsuit que chega a atingir 300 km/h - Arquivo Pessoal
O paraquedista Luiz Sabiá em seu wingsuit que chega a atingir 300 km/h Imagem: Arquivo Pessoal

Colunista do UOL

23/10/2022 04h00

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Seu nome é Luiz Henrique Tapajós Antunes dos Santos, mas como sua paixão sempre foi voar, ele é mais conhecido no mundo por onde plana, pelo apelido de Sabiá.

Com 51 anos de idade, Sabiá é um exímio paraquedista, vídeo maker aéreo, praticante de wingsuit, piloto de aeronaves, e até dublê de filmes, novelas e publicidade.

Em seu currículo, Sabiá conta com mais de 28 mil saltos, de 300 aeronaves diferentes, entre helicópteros, balões, aviões, asa deltas, ultraleves, parapente e paramotores ao longo de 37 anos de carreira recheada de riscos e diversão.

Entre suas principais marcas está um salto em 2004 das torres gêmeas Petronas Twin Towers, em Kuala Lumpur, na Malásia, edifício de 452 metros de altura, durante o Campeonato Mundial de Base Jump, do Pico Dedo de Deus (1.692 metros) no Rio de Janeiro, e já saltou até mesmo sem paraquedas.

sabia e jandira - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Sabiá durante o voo com seu gavião de estimação, a Jandira
Imagem: Arquivo Pessoal

Esse ídolo internacional do aero desporto conhece o sabor da adrenalina ao voar com seu wingsuit (um tipo de macacão aerodinâmico) e atingir mais de 300 km/h, saltando de aviões ou de penhascos e já teve até um gavião de estimação de uma reserva de preservação chamada Zandira.

Sabiá é um dos pioneiros no Brasil a praticar o Base Jump desde 1994, que consiste basicamente saltar de paraquedas de locais fixos como prédios, antenas, pontes e montanhas, de onde surge o nome BASE (buildings, antenas, span, and Earth) em inglês.

Paulistano do bairro do Pacaembu, Sabiá mora atualmente em Torres, no Rio Grande do Sul, e já praticou basicamente todas as modalidades do paraquedismo como free style, free fly, estilo e precisão, formação em queda livre, cross country, base jump e wingsuit.

Em 2010, no dia do seu aniversário (22 de novembro), ganhou de "presente" da produção do Domingão do Faustão um voo suborbital na Rússia, de cerca de 25 mil metros na estratosfera, a bordo de um jato de caça Mig 29.

Vice-campeão mundial de base jump, Sabiá é muito focado, mas em uma ocasião ímpar em 2012, quando estava exausto se descuidou, sofreu um acidente ao pousar em algumas rochas no Espirito Santo, que lhe causou as primeiras fraturas da sua vida, e resultou em dois pés quebrados.

"Mesmo assim, duas semanas depois já estava saltando", se recorda e se diverte Sabiá, durante entrevista exclusiva para a coluna de Paulo Anshowinhas, no UOL Esporte.

UOL Esporte - É verdade que você já saltou sem paraquedas?

Sabiá - Sim, esse foi um desafio que a equipe do Faustão me deu depois de ver um vídeo do Travis Patrana que fez esse salto pela primeira vez e me desafiaram e eu disse: "só se for agora!" E saltei da Barra da Tijuca, no Rio. Teve uma preparação técnica muito grande para eu pegar uma carona no ar com o Marcelo Schetini (que estava de paraquedas). É algo muito psicológico, pois para saltar de um avião sem paraquedas é preciso estar bem de cabeça.

UOL Esporte - Qual a lição que você aprendeu com o seu acidente em 2012 (quando fraturou os dois pés)?

Sabiá - Depois de uma sequência de voos naquele dia, pousei em um lugar errado, devido o fator cansaço, e um julgamento errado me fez cometer uma sequência de erros que ocasionou o acidente. Precisamos estar sempre atentos para evitar riscos. A lição que eu passo para os meus alunos é entender que temos de respeitar os nossos limites, por mais fortes que sejamos uma hora o cansaço traz uma consequência negativa.

UOL Esporte - Qual sua relação com o wingsuit e de que material que é feito esta vestimenta "espacial"?

Sabiá - Eu trouxe o wingsuit para o Brasil em 1998, e é minha modalidade favorita desde então. Os wingsuits são feitos de nylon, e tem uma tecnologia feita por computador e túnel de vento, com um perfil aerodinâmico e com a força do vento vira uma asa. Nas laterais dos braços tem um revestimento de E.V.A., para ajudar a ficar rígido durante o voo, e tem entradas de ar nas laterais dos braços e pernas. Para caminhar é fácil porque é pano, mas ao voar, se torna rígido como uma asa a ponto de atingir mais de 300 km/h.

UOL Esporte - Existe uma legislação para a prática do wingsuit?

Sabiá - O wingsuit é uma modalidade que se inicia no paraquedismo saltando de avião, e pela legislação brasileira são necessários 250 saltos, ou habilitação de categoria C, e aprender conhecimento técnico para saltar com segurança de aviões ou de penhascos.

sabia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Luiz Sabiá chega a atingir 300 km/h com seu wingsuit
Imagem: Arquivo Pessoal

UOL Esporte - O que você anda aprontando atualmente e como você banca os saltos?

Sabiá - Eu faço aulas de iniciação e instrução de base jump, queda livre e wingsuit para iniciantes a profissionais, além de publicidade, mas tenho apoio de marcas como a Espaço Laser, a marca Spy que me apoia há 30 anos, e a Sol Paragliders. Eu faço pelo amor ao esporte e ganho meu sustento com o meu sonho de viver.

UOL Esporte - Alguma mensagem para finalizar?

Sabiá - Desejo saúde e paz para seguirmos os nossos sonhos e viver bem fazendo aquilo que a gente ama.