Que a São Silvestre não ouça os bolsonaristas
Diz a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo que 750 mil pessoas passaram pela avenida Paulista, no domingo (25), em um ato político do ex-presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Que a informação não chegue aos ouvidos dos organizadores da Corrida Internacional de São Silvestre.
A famosa prova de fim de ano faz sua largada mais ou menos no mesmo lugar onde se concentraram os bolsonaristas no domingo. A linha de largada fica na altura da rua Frei Caneca, mas a aglomeração de gente vai quase até o prédio da Gazeta.
Quem corre (não é meu caso) reclama do aperto. Tem sempre um calcanhar à frente, e boa parte dos corredores, na Paulista, mesmo depois da linha de largada, só consegue andar. Quem já viu a prova pela televisão sabe disso.
As duas pistas da Paulista ficam tomadas pelos TRINTA E CINCO MIL INSCRITOS. A caixa alta é proposital. A organização não permite mais do que 35 mil pessoas, e a área onde aconteceu o ato político do bolsonarismo já fica apinhada.
Mal sabem eles que, esticando um pouquinho mais, até não mais que a esquina com a Brigadeiro, é possível colocar SETECENTOS E CINQUENTA MIL PESSOAS. Veja bem: nas contas do bolsonarismo, é possível colocar vinte vezes mais pessoas na São Silvestre, em mais ou menos a mesma área, acrescentando só as calçadas.
Na verdade o absurdo é um pouco pior, porque esse número vem da Secretaria de Segurança Pública. É um dado oficial, ainda que claramente falso.
Que os organizadores da São Silvestre não acreditem nele. Com 35 mil pessoas a largada já é uma bagunça, imagina com 500 mil, 600 mil. Nas contas do governo Tarcísio de Freitas, seria plenamente possível.
Em tempo: um estudo sério da USP, que usa imagens de drone e um software para contar cabeças na foto, calcula que havia 185 mil pessoas na Paulista às 15h de domingo, quando Bolsonaro começou a discursar.
Opinião
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
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