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Newsletter: Mais um ano começa sem previsão de reajuste do Bolsa Atleta

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Mais um ano começa sem qualquer expectativa de que o Bolsa Atleta, principal programa de apoio ao esporte de alto rendimento no Brasil, passe por reajuste. Os valores são os mesmos desde 2010, e não devem mudar em 2024.

O que permite dizer isso é o montante destinado ao programa no Orçamento de 2024 aprovado pelo Congresso. Serão R$ 162 milhões para o Bolsa Atleta, um valor que pode ser insuficiente até para pagar os benefícios nos valores de hoje.

Com a inclusão de novas modalidades e a realização de mais torneios nacionais de base (especialmente os CBI's), o número de beneficiários vem crescendo. Em 2023, foram contemplados mais de 7,4 mil esportistas no Bolsa Atleta tradicional, além daquelas que ganham o Bolsa Pódio, que sai do mesmo orçamento.

Para 2024, a tendência é esse número aumentar, como vem sendo todo ano, também porque o governo decidiu incluir os surdolímpicos como beneficiários do Bolsa Pódio, ainda que o desporto para surdos sequer tenha um "ranking mundial", que é o critério de seleção. Eles devem entrar também no edital do Bolsa Atleta, este ano.

Os valores pagos, porém, estão muito defasados. Cada vez mais, óbvio, já que a última correção foi em 2010. Na época, o salário mínimo era de R$ 510. Hoje, é de R$ 1.410.

Uma conta de padaria: um atleta medalhista sul-americano ganhava, em 2010, três salários mínimos e meio (R$ 1.850). Hoje, ganha pouco mais de um salário mínimo.

Se antes dava para se desenvolver como atleta com o Bolsa Atleta nacional (R$ 925), que equivalia a quase dois salários mínimos, hoje não há como sobreviver só com ele, que vale menos do que dois terços de um salário.

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Tudo bem que atualmente muitas cidades e estados têm seus próprios programas de Bolsa Atleta, que se somam ao federal. Mas nem todo mundo tem acesso a eles, e este precisa ser um projeto de Brasil, não de município. O atleta olímpico/paralímpico que ganhava seis salários mínimos em 2010 (R$ 3.100), merece voltar a ganhar isso. Em valores atuais, daria R$ 8,5 mil. Faria uma enorme diferença.

Mas só há um jeito de corrigir o benefício para os atletas, pagando a eles o triplo do que ganham hoje: triplicando também o orçamento do programa. Mais uma vez, isso não aconteceu, apesar de o Ministério do Esporte ter um ministro vindo do Centrão que comando o Congresso, que por sua vez comanda o orçamento.

Some a isso a falta de interesses dos presidentes (primeiro Temer, depois Bolsonaro, agora Lula), e o resultado é os atletas, mais uma vez, prejudicados.

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