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Newsletter: Ibirapuera ferve com skate, e precisa de reforma

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O Flamengo venceu o Franca por 93 a 67, no sábado, no Maracanãzinho, em um dos jogos mais aguardados da temporada do NBB. No dia seguinte, um dirigente do clube rubro-negro exaltou o resultado em um grupo de transmissão, mas comemorou outra coisa: "O melhor do dia foi o ar condicionado bombando durante o jogo".

Quando a mensagem chegou no meu Whatsapp, eu estava sentado na área VIP do ginásio do Ibirapuera, aguardando começar a final masculina da SLS (Street League Skateboarding). Transpirava, e me abanava com o brinde de um patrocinador. Um ventilador, de diâmetro não muito maior do que tenho em casa, era obviamente insuficiente para refrescar as 300 cadeiras sob responsabilidade dele.

Eu havia me deslocado para tentar ficar mais perto das poucas janelas do Ibirapuera, em busca de ar fresco, aproveitando que não havia mais do que 30 pessoas naquele setor. Logo o segurança avisou que jornalistas não podiam ficar ali, só quem pagou R$ 1.300 (primeiro lote, mais R$ 200 de taxa de serviço) pelo direito de sentar naquelas cadeiras.

Competição de skate e conforto não são palavras que costumam estar na mesma frase, ainda mais em competições de street, que nasceram para serem disputadas em lugares abertos, com o sol na cabeça. Mas a SLS se propõe a oferecer outro tipo de experiência, para outro tipo de público (ingresso mais barato a R$ 200), e o Ibirapuera, onde o Super Crown aconteceu, não serve para isso.

Cada vez mais, o maior e mais importante ginásio de São Paulo serve para cada vez menos. Como experiência esportiva, de contato com ídolos, de assistir os melhores do mundo de perto, ele é ótimo. Eu mesmo vivi ali dezenas de momentos que me marcaram, e nem me lembro se fazia frio ou calor. Mas, estruturalmente, o velho Ibira está visivelmente defasado.

O calor foi, no domingo, só a parte mais sentida (na pele, literalmente) desse problema. As salas internas estão em péssimo estado de conservação, o que inclui a cozinha onde funcionava o "catering" dos atletas, que parecia refeitório de escola dos anos 1980. A iluminação também é ineficiente, e demanda estrutura própria do evento, muitas vezes paga com dinheiro do próprio Estado.

Para ficar na SLS: além de R$ 4,5 milhões da Lei de Incentivo ao Esporte, os organizadores (uma ONG de Montes Claros, MG) receberam R$ 2,5 milhões do governo do estado. A pista de madeira e concreto custou R$ 1 milhão, segundo matéria do UOL Esporte. Como essas verbas não podem virar premiação, nem lucro, presume-se que boa parte do dinheiro restante (R$ 6 milhões) foi gasto em infraestrutura provisória, como iluminação e ventilador.

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O público esportivo, o cidadão, e a cidade de forma geral, merecem um Ibirapuera mais moderno, e privatizar não é solução — a energia elétrica chegou a cair durante uns três minutos durante a final masculina, por instabilidade na rede da Enel. Se o Maracanãzinho de Flamengo x Franca tem ar condicionado desde a reforma para a Olimpíada, o ginásio paulistano, construído na mesma época e também estadual, pode ter também. Uma reforma é não só possível. É também necessária.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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