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Arena São Paulo apresenta projeto para pôr Brasil na rota de grandes turnês

Projeto da arena multiuso do Anhembi - Divulgação
Projeto da arena multiuso do Anhembi Imagem: Divulgação

14/10/2021 23h15

Concessionária do Anhembi, a GL Events apresentou hoje (14) ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), seus dois parceiros naquela que deverá se tornar a maior e mais importante arena multiuso do país, que ganhou o nome de Arena São Paulo. Com previsão para ser inaugurada em 2024, a estrutura será construída em um tripé que também envolve a Live Nation, uma das maiores promotoras de eventos ao vivo do mundo, e a OAK View Group (OVG), que administra arenas como o Madison Square Garden, em Nova York, e o United Center, em Chicago.

"A gente gosta de casar. A gente já namorou, agora a gente casou. É uma parceria que eu diria única, primeira no país. É importante ressaltar que aqui do meu lado estão os dois grandes líderes mundiais dos seus mercados. Isso abre outras oportunidades e outras visões de mercados não só para os brasileiros, mas para o mercado latino-americano", diz Milena Palumbo, CEO da GL Events Brasil.

A empresa, nascida na França, tem expertise na gestão de centros de convenções como o Riocentro e o São Paulo Expo e, no Rio, tem a concessão da Arena da Barra, construída para o Pan de 2007, e que atualmente tem o nome de Jeunesse Arena. Na capital paulista, ganhou recentemente a concessão de todo o complexo do Anhembi, que inclui o sambódromo e a possibilidade de construir uma arena multiuso.

Essa arena nunca foi foco dos governos municipal ou estadual, que trabalham para conceder o Complexo Esportivo do Ibirapuera exatamente para esse fim, mas é uma prerrogativa da GL, que promete investir R$ 1 bilhão no Anhembi. Metade desse valor, R$ 500 milhões, será utilizado na construção da Arena São Paulo, que terá como foco a atração de eventos de entretenimento.

"Antigamente as arenas eram desenhadas em torno de um time esportivo, e a música era o segundo foco. Em São Paulo vamos construir uma arena de eventos que terá uma aura intimista, que vai permitir ao fã estar mais próximo do artista. Todos vão sentir que a arena foi construída para aquele palco", explica Brian Kabatznick, vice-presidente executivo da OVG, empresa que administra boa parte das arenas utilizadas na NBA e nas demais ligas profissionais norte-americanas e que terá sua primeira experiência na América Latina.

O outro parceiro apresentados hoje à prefeitura é a Live Nation, que no Brasil já promove o Rock in Rio e o Lollapalooza. O objetivo é que, com a nova arena, o país seja incluído em maior número de grandes turnês internacionais. "Muitas turnês não vêm para São Paulo, Brasil, para a América Latina, por ausência de uma arena indoor em São Paulo. Conteúdos que antes não vinham para o Brasil, America do Sul, agora vão vir", afirma Milena Palumbo.

"Para você viabilizar uma turnê que faça a perna da América do Sul, você tem que viabilizar o roteiro, com várias datas. É por isso que a gente vem falando sobre o posicionamento de São Paulo", diz Rafael Lazarini, vice-presidente da Live Nation para a América Latina. Segundo ele, porém, a Arena São Paulo não será exclusiva da empresa. "Ela será de São Paulo, estará aberta para todos os promotores".

Por conta da capacidade para 20 mil pessoas, a arena não deverá receber jogos de equipes locais de vôlei e basquete, por exemplo, como a Jeunesse Arena, no Rio, para 15 mil pessoas, já não recebe. Mas a GL e a OVG dizem que pretendem buscar eventos esportivos para o complexo.

"Vai ser algo que a gente vai trás porque esses grandes eventos esportivos são de calendário. É o que a gente quer fazer: ter calendário", afirma Milena, citando que o Anhembi já recebeu campeonatos de skate e provas da Fórmula Indy. A NBA e grandes torneios de basquete, vôlei e ginástica também estão no radar.

Carnaval será preservado

A arena será erguida entre a concentração do sambódromo e a marginal do Tietê e, de acordo com a GL Events, não irá prejudicar a preparação para os desfiles das escolas de samba. "A gente tem conversado com a liga [das escolas de samba]. A Arena fica na nossa área de concessão, assim como o sambódromo. O município teve um cuidado muito grande de garantir o carnaval, preservar a realização com tranquilidade. O posicionamento da arena não inviabiliza nada", alega Milena.

Pela concessão, a GL Events precisa permitir a utilização do sambódromo durante o carnaval, se responsabilizando com a manutenção da estrutura e realizando as adequações necessárias. Mas o desfile continuará sendo responsabilidade da liga e da SPTuris. "O produto não é nosso, mas a gente vai sentar com a liga e traçar planejamento junto para entregar o melhor carnaval", Promete. "Eu tenho um hadware e o outro tem o software. Se eu puder melhorar meu hardware, o software vai melhorar também", compara.

A empresa pretende continuar utilizando o sambódromo como espaço para shows, especialmente festivais, que têm uma dinâmica diferente de shows em ambientes fechados. A GL também considera que já tem, no local, uma arena aberta, que é a arquibancada monumental do sambódromo, única em dois lances, que tem capacidade para 7 mil pessoas sentadas.