Topo

Na Grade do MMA

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Possível despedida de Nate Diaz do UFC não faz jus à sua carreira

Nate Díaz pode fazer sua última luta no UFC  - Louis Grasse/Getty
Nate Díaz pode fazer sua última luta no UFC Imagem: Louis Grasse/Getty

Colunista do UOL

09/09/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

No papel, seus números não impressionam. Com 20 vitórias e 13 derrotas em sua carreira profissional no MMA, Nate Diaz poderia ser ‘apenas mais um’ dentre os milhares de atletas que já se apresentaram no octógono do UFC nos quase 30 anos de existência da empresa. No entanto, uma combinação rara de estilo de luta, personalidade e polêmicas fez do americano um verdadeiro ícone do esporte. E, por isso, sua possível despedida da organização, marcada para este sábado, em Las Vegas (EUA), passa longe do que sua história merecia.

São 15 anos e 26 lutas no octógono do UFC, período no qual Nate venceu uma edição do reality show TUF (The Ultimate Fighter), disputou o cinturão dos pesos-leves, subiu de categoria e fez dois confrontos históricos contra Conor McGregor - anotando duas das maiores vendas de pay-per-view da história do MMA. Por isso, afirmo, sua despedida deveria ser maior - e mais justa.

Seu rival Khamzat Chimaev é a bola da vez no evento. Com apenas cinco apresentações no UFC, o atleta segue invicto no esporte e, com exceção à sua última disputa contra Gilbert ‘Durinho’, fez suas lutas parecerem fáceis. E apesar do hype criado em torno de seu nome, que deve garantir um belo contracheque para as estrelas principais deste card, os quase dez anos de diferença entre os atletas e os momentos distintos que eles atravessam em suas jornadas tornam a disputa questionável.

Afinal, Chimaev vive o auge de sua forma e ocupa a terceira posição no ranking dos meio-médios. Além disso, o impacto de suas vitórias, inclusive, o colocam em posição de pleitear disputas de peso como peso-médio, caso queira voltar a se apresentar na divisão. Por sua vez, Nate, aos 37 anos e com apenas uma luta em seu contrato com o UFC, perdeu suas duas últimas lutas.

Fora do ranking oficial do evento, o americano sequer manteve série constante de apresentações nos últimos anos no octógono. Depois de quase três anos de hiato após os duelos contra Conor McGregor, Nate lutou duas vezes em 2019 e uma em 2021. Sua meta, então, é clara: fazer grandes lutas em grandes cards. No entanto, o desafio deste card parece ser maior do que o atleta pode enfrentar.

A clara desvantagem no wrestling dá ao rival a chance de escolher se a disputa permanece em pé ou vai para o chão. A velocidade, o poder dos golpes e o ritmo de combate garantem, ainda, a superioridade de Chimaev na maioria dos cenários possíveis para o combate. Desta forma, o americano fará sua última luta do contrato com o status de maior zebra da noite.

O próprio atleta revelou que pediu diversos oponentes e que os nomes propostos foram seguidamente recusados. A seguir, ao perceber a insistência da organização em oferecer Chimaev como rival, o americano deu de ombros e aceitou fazer sua provável ‘última dança’ no octógono nesses termos, já de olho nos seus próximos passos, que, de acordo com ele, incluem planos muito maiores do que os valores que serão gerados no UFC 279.

Uma pena, então, que exista a chance dele escrever estes novos capítulos fora do palco onde se tornou famoso no mundo das lutas. O justo, se é que existe justiça neste competitivo cenário do MMA, seria Nate enfrentar um atleta que atravesse momento parecido em sua carreira e que, assim como ele, não busque posições no ranking ou title shots. Sua carreira merecia isso…