Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Neymar já sabe o que fazer para a galera respeitá-lo
Se Neymar ainda não sabia "o que fazer com aquela camisa para a galera respeitar", obteve sua resposta na vitória (4 a 1) sobre o Uruguai. Deve ter descoberto que esse termômetro de empatia pesa pouco mais de 400 gramas, tem formato redondo, é feito de couro sintético, borracha, poliéster e algodão e, se ouvidos tivesse, atenderia quando alguém gritasse seu nome em duas sílabas obrigatórias em qualquer cartilha pré-escolar: bo-la. Como ela não escuta, a boa comunicação é privilégio de poucos.
Neymar é um desses. A intimidade com a bola deveria lhe garantir total condição de ter também sob seu controle a gangorra de elogios e críticas de uma carreira de recordes e vitórias. Mas escorre por seus dedos essa percepção. Futebol ele tem, e mostrou-o desenvolto, alegre, preciso, na Arena da Amazônia, onde criou jogadas, fez gol e deu passes. Contra um Uruguai chocho e vergonhoso, é verdade, mas ali estava Neymar cumprindo o seu papel, despido da roupa do vilão que cai, cai, cai e bate boca com o marcador mediano.
A ressurreição contra o Uruguai desde já levanta a dúvida sobre o Neymar da Copa de 2022. Ele pode escolher a fantasia com a qual estará em campo: de craque diferenciado, de cai-cai inspirador de memes e figurinhas de WhatsApp, de resmunguento, de garoto-propaganda de peças íntimas com o cós da cueca à mostra ou de mimado-depressivo que, em tom de ameaça, anuncia na entrevista coletiva pós-jogo a possibilidade de encerrar a carreira. Somente uma dessas opções do seu guarda-roupa de estilos lhe dará o respeito tão sonhado nesses 115 jogos pela seleção brasileira até agora.
Neymar é quem faz o seu destino. Melhor não ouvir a irmã gritando nas redes que, se jogasse bola, iria pegar alguém pelo cabelo, bater boca e tomar cartão. Guiando-se por dicas assim, Neymar não seria Neymar, e a moça não teria seus 5 milhões e 500 mil seguidores no Instagram.
Obs: Esse espaço nobre poderia ser dedicado a Raphinha, que em três jogos, apenas um deles como titular, devolveu a esperança ao brasileiro apaixonado pelo noticiário esportivo. Mas o Neymar da goleada sobre o Uruguai é também um raio de luz nesses dias de futebol nublado por aqui. Velhos tempos em que o cronista tinha um repertório farto de personagens para homenagens em vida, e o último jogo da seleção de Tite trouxe esse saudosismo que já vira expectativa: no dia 11 de novembro, tem Brasil x Colômbia. Vai que a seleção cisma de jogar bem de novo...
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