Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Marília Ruiz: O desconforto de Tite
Mais uma vez quem vai colocar sua imagem ao lado do escudo da CBF hoje é o técnico Tite.
A convocação para duas rodadas modorrentas das Eliminatórias (infinitas) Sul-Americanas acontece em um momento que a América do Sul sangra Covid-19, manifestações populares, desemprego, pobreza e fome. Acontece na semana em que CBF está mais uma vez envolvida em denúncias e acusações contra o seu presidente (agora é contra Rogério Caboclo). Acontece quando os clubes brasileiros se preparam para finais estaduais, estreia no Brasileiro e mata-matas de Copa do Brasil.
O desamor da torcida pela Seleção não tem um dia de sossego neste país. E Tite, que tenta costurar isso desde que QUIS assumir a Seleção há 5 anos, vai mais uma vez se colocar na desconfortável posição de cara da entidade que comanda o futebol, que organiza as competições, que estabelece o (péssimo) calendário. Mais uma vez Tite, cujo prestígio conquistado nos primeiros 2 anos já não é o mesmo desde a eliminação para a Bélgica na Rússia-18, é quem vai ser sabatinado hoje.
Obviamente que as questões de Rogério Caboclo não são da alçada de Tite. Obviamente que a trama política por trás do afastamento (temporário ou definitivo) do dirigente-mor da nação não tem relação com o caráter do técnico.
A questão aqui é outra: o Tite que assinou um manifesto contra a CBF dias antes de assumir a Seleção vai conseguir disfarçar o embaraço até quando?
Além de tudo, mais uma vez para escalar os melhores dos seus times, vai certamente desagradar muitos torcedores.
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