Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Marília Ruiz: A bolha do futebol, a dos jornalistas e a vida real
Um ano de pandemia, e um ano do clássico entre "vocês da imprensa" e os "anti-imprensa" - são quase inexistentes exceções pontuais às opiniões majoritárias.
De um lado há os donos dos microfones freneticamente defendendo "bom senso" (o seu bom senso), "calendário racional" (o seu calendário racional) e tempo de trabalho para os técnicos (o tempo que, segundo a imprensa define, seria necessário para esse ou aquele mostrar "repertório). Do outro lado, os "anti-imprensa" (a esquerdista e comunista) defendem que o futebol pode e deve acontecer já que "tudo está liberado", defendem que o técnico (do seu time, claro) tenha o tempo que durar a paciência, decretam que a imprensa que defende medidas de restrição não possa trabalhar.
Enquanto esses se digladiam, os dirigentes hibernam entre uma demissão e outra.
Os dirigentes que optaram por não ter nenhum tipo de bom senso, os dirigentes que optaram por jogar dia sim, dia não, os dirigentes que decidiram que o movimento de translação da Terra não seria empecilho para manter o calendário como se não enfrentássemos uma pandemia, os dirigentes que recebem (des)organizados para debater "vaquinhas", os "altruístas" dirigentes que hibernam e fingem e fingem que os problemas do futebol brasileiro vão desaparecer porque aqui no Brasil o futebol não para, não para, não para. O futebol no Brasil não para porque a CBF não quer, porque as federações não deixam e porque os clubes estão f....
Quem f... os clubes?
Não dá tempo para discutir o papelzinho desses dirigentes enquanto se fala demais dos impactos da "quebra do tabu" na Vila, ou da falta de repertório do atual campeão da Libertadores, ou ainda do Arão como zagueiro.
Um mea culpa de "vocês da imprensa" e dos antis poderia ser muito benéfica para o futebol. Enquanto os lados estiverem preocupados em falar para os seus "convertidos", não se avança.
Entre as consequências da decisão dos dirigentes de manter o calendário esdrúxulo do nosso futebol, temos agora o Tribunal da Inquisição para os jornalistas que opinam sobre os técnicos, times e rendimento.
Afinal, sobrou para imprensa "dar o tempo" que nenhum dirigente se importou em preservar. A imprensa precisa ter paciência, a imprensa precisa medir as palavras, a imprensa precisa se monitorada. Para os dirigentes, só quem pode ser "resultadista" são eles próprios e os organizados que ameaçam, montam emboscadas e vandalizam muros. Esses são recebidos em gabinetes, esses fazem propaganda nas arquibancadas mesmo sem público, esses são imunes.
A vida real de jornalistas e de antis é bem dura.
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