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França investe em eSports já pensando nas Olimpíadas de 2024

Gabriel Coccetrone

19/01/2023 08h26

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O governo da França anunciou, na última terça-feira (17), a criação de um visto especial para atletas de eSports, facilitando a entrada de jogadores profissionais no país. A medida, criada há três meses do principal torneio de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) - BLAST.tv Paris Major - é mais um passo importante para a categoria, e reforça a seriedade com que os franceses tratam e enxergam os esportes eletrônicos.

Nicholas Bocchi, advogado especializado em direito desportivo, cita que "a França foi um dos primeiros países ocidentais a se debruçarem sobre o assunto eSports, regulando a atividade já em 2017 a fim de garantir aos investidores e organizadores de campeonatos de esportes eletrônicos a segurança jurídica que precisam".

"Os avanços anunciados nessa semana refletem o interesse do país em receber cada vez mais eventos, sendo que receberá, em maio deste ano, o Major (Campeonato Mundial da Modalidade) de Counter-Strike. Além disso há previsão de ao menos dois campeonatos de eSports que comporão os eventos dos jogos olímpicos de Paris 2024", acrescenta.

Para Rafael Teixeira, advogado especialista em Direito da Nacionalidade e das Migrações, a criação de vistos para jogadores de eSports deve ser uma tendência global.

"O intercâmbio de culturas para o desenvolvimento (esportivo ou não) é essencial para o crescimento de qualquer país. A desburocratização para as migrações na Europa, especialmente em Portugal, é vista com bastante otimismo e, no que toca o visto para jogadores de eSports criado na França, é uma tendência mundial. O crescimento do mundo digital, seja na forma convencional de trabalho, seja nos esportes eletrônicos, permite-nos refletir que a política de incentivo apenas aos esportes 'tradicionais'", analisa.

A partir de agora, os jogadores profissionais de esports poderão solicitar o visto dedicado a "talentos" para competir na França por anos. Antes da medida, somente era possível conseguir vistos de turismo ou trabalho.

"A decisão de definir o jogador profissional de modalidades esportivas eletrônicas como atleta e garantir-lhe um visto especial também está na linha daquilo decidido pelo Parlamento Europeu no final do ano passado: A 'Resolução do Parlamento Europeu, de 10 de novembro de 2022, sobre o desporto eletrónico e os videojogos' identifica a necessidade de garantir melhor circulação de bens, serviços e pessoas", conta Nicholas Bocchi.

A França visa um "ecossistema nacional de esports" para regular essa indústria, com anúncio esperado para junho de 2023. Neste plano, inclui-se o apoio a práticas amadoras, remoção de barreiras ao esporte e a realização de grandes eventos.

Em suas redes sociais, a Ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, anunciou a publicação de uma "instrução interministerial que permite a utilização do passaporte de talentos para desportistas de alto nível" para auxiliar a contratação de estrangeiros por parte de equipes francesas.

França visa ser potência nos esportes eletrônicos

Na França, o mercado dos esportes eletrônicos recebe apoio há anos. Em 2016, foi criada a France Esports, uma federação não oficial que impulsiona essa indústria, tratando o tema com mais profissionalismo.

No ano passado, o presidente Emmanuel Macron já havia manifestado o desejo de transformar o país em uma "grande nação de esports". O político planeja um elo entre os esportes eletrônicos e os Jogos Olímpicos de Paris de 2024.

Em paralelo com as Olimpíadas, a "Semana de Esports Olímpicos", organizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), será disputada na França.

Esse alto investimento é refletido em resultados. O Team Vitality, da França, é um dos times mais bem-sucedidos dos esports.

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