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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Acreditem: Ferrari hoje não tem concorrência na F1

Charles Leclerc comemora a vitória no GP da Austrália, a segunda na temporada 2022 da Fórmula 1 - Ferrari
Charles Leclerc comemora a vitória no GP da Austrália, a segunda na temporada 2022 da Fórmula 1 Imagem: Ferrari

Colunista do UOL

10/04/2022 03h35

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O GP da Austrália estava na 39ª das 58 voltas quando torcedores holandeses no Albert Park levaram as mãos às cabeças. Os telões do circuito mostravam Verstappen estacionando o carro, arremessando o volante, ajudando bombeiros a apagarem um incêndio no seu carro.

O carro da Red Bull todo sujo após a ação dos extintores é uma das imagens da temporada. Outra cena emblemática é a de Leclerc celebrando a vitória neste domingo. Ambas dão o tom do que está sendo este início de Mundial.

A Ferrari hoje não tem concorrência. Leclerc foi absoluto em Melbourne.

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Charles Leclerc, Max Verstappen, Sergio Pérez e Lando Norris nas duas primeiras filas do grid em Melbourne
Imagem: Clive Mason/Getty Images/Red Bull

Largando da pole position, por duas vezes o monegasco construiu vantagem na pista. Por duas vezes, seu trabalho foi aniquilado por acidentes e entradas do safety car. Por duas vezes, ele reconstruiu o que havia feito, sem dar a menor chance para ninguém.

Foi sua segunda vitória no ano, a quarta na carreira, a primeira no Albert Park. Com o resultado, ele ampliou sua vantagem na liderança do Mundial.

Impotente desde a classificação, Verstappen tentou tudo o que podia até a 39ª volta, quando seu motor simplesmente apagou. Foi seu segundo abandono na temporada. Pérez herdou a segunda posição. Russell completou o pódio. Hamilton cruzou a linha de chegada em quarto.

A largada foi limpa, um oferecimento da obra que alargou em 2 metros a antes complicada primeira curva do Albert Park.

Leclerc saiu bem e segurou a ponta, seguido por Verstappen. Hamilton foi o grande nome da largada, pulando de quinto para terceiro. Sainz andou pra trás: caiu de 9º para 14º.

O top 10 no fim da primeira volta: Leclerc, Verstappen, Hamilton, Pérez, Russell, Norris, Ricciardo, Ocon, Gasly e Alonso.

Babando no capacete para tentar se recuperar, Sainz errou. Perdeu a freada para a curva 9, colocou as rodas na grama, rodou e atolou na brita. Bandeira amarela e safety car.

A disputa foi reiniciada na sétima volta. "Lembre-se de que temos uma nova regra. Não fique à frente da asa traseira dele", disse Gianpiero Lambiase, o engenheiro de Verstappen, para seu pupilo. Trata-se de uma nova determinação da FIA, tomada após o holandês exagerar na dose nas últimas relargadas, emparelhando o carro contra o adversário à frente.

Leclerc agradeceu. Acelerou e manteve a liderança. Um pouco mais atrás, Pérez partiu para cima de Hamilton. Na 10ª volta, abriu a asa móvel e passou.

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Charles Leclerc, da Ferrari, lidera o GP da Austrália perseguido por Max Verstappen, da Red Bull
Imagem: Ferrari

"Meu pneu esquerdo está esfarelando", disse Verstappen a Lambiase na 12ª volta. Ele estava, então, 4s2 atrás de Leclerc e com a mesma diferença à frente de Pérez.

O monegasco começou então a colocar seu plano em ação. E deu tudo certo pra ele. Volta após volta, ele abria para Verstappen. Na 16ª volta, já tinha 7s3. Na 17ª, 8s2. Na 18ª, 8s9. Na 19ª, a Red Bull percebeu que tinha que tentar algo diferente e chamou o holandês para o pit.

Verstappen colocou pneus duros para ir até o fim da prova. Confiante, a Ferrari não se mexeu.

Duas voltas depois, Pérez, que vinha sendo pressionado por Hamilton, também parou para pneus duros. Leclerc e o inglês fizeram o mesmo na 22ª.

O heptacampeão ganhou a posição do mexicano nos boxes, mas durou pouco. Pérez apertou o ritmo e fez uma belíssima ultrapassagem, por fora, na curva 10. Duelo leal, bonito de ver.

Instantes depois, novo safety car. Vettel foi pra zebra na curva 4, perdeu o controle da Aston Martin e estampou o muro. Toda aquela vantagem construída por Leclerc foi pro espaço. De uma hora pra outra, ele viu Verstappen, de novo, colado na sua traseira.

Na relargada, na 27ª volta, um pequeno susto para a Ferrari: Leclerc demorou para tracionar e Verstappen viu a chance de ganhar a posição. Os dois chegaram lado a lado na primeira curva, mas o monegasco conseguiu contorná-la na frente. Tudo normal.

Cinco voltas depois, Leclerc já tinha 4s sobre o adversário.

Sem grandes emoções na luta pela liderança, o GP proporcionou uma boa disputa pelas outras posições do pódio.

Na 37ª volta, Pérez mergulhou na curva 11, ultrapassou Russell _que estava ali por ter parado no exato momento do safety car de Vettel_ e ganhou o terceiro lugar.

Que logo se tornaria segundo.

Duas voltas depois, a tragédia de Verstappen. "Comecei a sentir um cheiro estranho. Está tudo cagado", disse o holandês, pelo rádio, ao encostar na área de escape.

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Carro de Max Verstappen após o problema que provocou seu abandono no GP da Austrália
Imagem: Reprodução/F1TV

Pérez herdou o segundo posto, mas jamais teve qualquer chance de aproximação. Russell se manteve em terceiro, à frente do companheiro. "Vocês me deixaram numa posição muito difícil", reclamou Hamilton, pelo rádio, a três voltas da bandeirada.

Como que para demonstrar a superioridade do momento, Leclerc perguntou para a Ferrari, no final do GP, se poderia partir para tentar a melhor volta. Dito e feito. Cravou ao cruzar a linha de chegada, estabelecendo um raro grand chelem: pole, melhor volta, vitória e liderança por todo o GP.

Com o resultado, Leclerc tem agora 71 pontos na classificação. Russell é o segundo com 37, enquanto Sainz tem 33.

O monegasco não dominou apenas Melbourne. Neste início de 2022, Leclerc domina o Mundial.