Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Equipes da F1 vivem semana decisiva para corrigir rotas

George Russell, da Mercedes, conversa com engenheiro durante os testes em Barcelona - Mercedes
George Russell, da Mercedes, conversa com engenheiro durante os testes em Barcelona Imagem: Mercedes

Colunista do UOL

28/02/2022 09h58

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

"De volta para casa e direto para o trabalho. Vamos para uma grande semana", escreveu a Ferrari no Twitter nesta segunda-feira. "Hora do debrief", foi a mensagem da Red Bull na mesma rede. "É hora de focar no trabalho da semana pela frente", postou a Aston Martin.

Não é coincidência. Os próximos dias serão determinantes para o que veremos no início da temporada da F1. Há um clima de aflição no ar. Não há muito tempo. O relógio está correndo rápido.

A semana que começa hoje é a única oportunidade que engenheiros e pilotos terão para analisar os resultados dos testes em Barcelona, tentar ajustar rotas e corrigir problemas.

A próxima semana será de empacotar tudo e viajar. De 10 a 12 de março as equipes farão a última bateria de testes coletivos, no Bahrein. O Mundial será oficialmente aberto no dia 18, no mesmo circuito, com o primeiro treino livre. O primeiro GP da temporada será no dia 20.

Todos têm muito o que fazer, mesmo as equipes que saíram de Barcelona mais animadas, como Ferrari e Mercedes. Até porque ninguém sabe ao certo o quanto as rivais esconderam o jogo e controlaram o ritmo.

"Ainda é muito cedo para julgar performance. Algumas equipes estão se segurando mais do que outras. Estamos tentando explorar o máximo do nosso carro. Faremos algumas pequenas modificações, nada muito drástico", disse Binotto, chefe da Ferrari, equipe que impressionou pela confiabilidade e pela potência do motor.

A escuderia italiana foi a que mais andou em Barcelona, 2.052 km. Depois vieram Mercedes (1.837 km), McLaren (1.716 km) e Red Bull (1.674 km). Segundo a "Gazzetta dello Sport", o que mais empolga os ferrarista, porém, é a evolução de seu sistema híbrido, que enfim teria alcançado os níveis de potência da Mercedes e da Honda.

A Mercedes já admite alguma preocupação. "A Ferrari tem hoje o melhor motor da F1. Mas foram apenas três dias de testes e não dá para ter muitas certezas", afirmou Wolff, o chefe da equipe alemã. Certamente este será um tópico de estudo em Brackley nos próximos dias.

Atual vice-campeã mundial, a Red Bull fez uma semana discreta em Barcelona e tem pela frente um problema de perda de peso. As exigências do novo Regulamento Técnico levaram a FIA a aumentar o peso mínimo dos carros em 43kg, para 795kg, sem combustível e fluidos.

marko1 - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull
Helmut Marko (dir.), conselheiro da Red Bull, conversa com Ross Brawn, comandante técnico da F1
Imagem: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull

Mesmo assim, alguns times estão enfrentando dificuldades em se enquadrar. E a Red Bull admite isso. "O único problema que temos é o peso. Graças a Deus que o peso mínimo foi elevado, mas ainda temos muito trabalho a fazer antes da primeira corrida", declarou Marko.

Caso o problema seja geral, há uma possibilidade de a FIA aumentar novamente o peso mínimo. Mas, para isso, é necessária a aprovação de todas as dez equipes do grid.

A Alpine vai passar os próximos dias tentando resolver os problemas da unidade de potência que atormentaram Alonso e Ocon em Barcelona. A Aston Martin vai analisar o vazamento de óleo que provocou um incêndio no AMR22 e impediu-a de testar na sexta à tarde.

A AlphaTauri, que também teve o trabalho encurtado na sexta por um acidente com Gasly, informou que vai gastar algum tempo no túnel de vento nos próximos dias. A McLaren busca entender por que seu carro pulava tanto em alta velocidade, situação vivida por outras equipes e que tem a ver com a volta do efeito-solo.

alpha1 - Peter Fox/Getty Images/Red Bull - Peter Fox/Getty Images/Red Bull
Engenheiros da AlphaTauri nos boxes da equipe durante os testes coletivos em Barcelona
Imagem: Peter Fox/Getty Images/Red Bull

Já a Haas vive dias tétricos: a equipe corre o risco de perder sua galinha dos ovos de ouro, a Uralkali, como consequência das sanções econômicas do Ocidente a empresas russas.

Nesta segunda, a Federação Ucraniana de Automobilismo pediu a suspensão de todas as licenças de pilotos e equipes emitidas por Rússia e seu aliado, Belarus. Se a FIA atender o pedido, Mazepin ficará impedido de disputar o Mundial deste ano.

Pode ser uma boa notícia para Pietro, reserva da equipe e seu substituto imediato. Mas a Haas conseguirá disputar o Mundial sem o patrocínio russo? A equipe americana conseguirá um novo patrocinador em menos de 20 dias?

Steiner, chefe do time, prometeu atualizar a situação nos próximos dias.

Sim, a semana será intensa para todas as equipes, mas certamente nenhuma irá trabalhar mais, e com tanta pressão, como a nanica do grid.