Topo

Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Volks deve anunciar em janeiro entrada na F-1

O brasileiro Lucas di Grassi ao volante do Audi da Fórmula E na abertura da última temporada, na Arábia Saudita - Zak Mauger/Divulgação
O brasileiro Lucas di Grassi ao volante do Audi da Fórmula E na abertura da última temporada, na Arábia Saudita Imagem: Zak Mauger/Divulgação

Colunista do UOL

21/12/2021 11h27

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A F-1 vai ganhar mais uma fabricante de motores e, de quebra, realizar um sonho antigo. A Volkswagen escolheu a marca Audi para estrear na categoria em 2026 e deve fazer o anúncio oficial no começo do ano que vem.

Na semana passada, dois executivos da Audi, Markus Duesmann, presidente do conselho, e Oliver Hoffmann, da área de Desenvolvimento Técnico, deram sinais claros de que a montadora enfim está satisfeita com os planos da F-1 para a nova geração de unidades de potência.

Segundo o jornalista Dieter Recken, do site RaceFans, os dois enviaram uma carta na última terça para Jean Todt, então presidente da FIA, e Stefano Domenicali, chefe de F-1 da Liberty, dizendo concordar com as novas regras.

A principal preocupação deles era que fosse criado um sistema para que qualquer marca novata pudesse competir em pé de igualdade com as fabricantes que já estão na categoria: Renault, Ferrari, Mercedes e, a partir de 2022, Red Bull. Ao que tudo indica, a FIA chegou lá.

Na semana passada, o Conselho Mundial da FIA se reuniu em Paris e bateu o martelo sobre as unidades de potência a partir de 2026, ano que marcará uma revolução técnica na F-1.

Basicamente, será mantido o formato V6 de 1,6 litro, com maior capacidade de regeneração de energia. O MGU-H, componente que gera energia a partir do calor dos motores e que as equipes consideram extremamente caro, será abolido. E será implantado um teto de custos.

duesmann - Audi - Audi
Markus Duesmann, presidente do conselho da Audi
Imagem: Audi

As medidas foram bem recebidas na Volkswagen. A montadora flerta com a categoria há anos, mas nesta temporada o namoro enfim avançou.

Em julho, no fim de semana do GP da Áustria, executivos de Porsche e Audi, que fazem parte do mesmo grupo, sentaram com a cúpula da F-1 e outras montadoras para discutir os planos das novas unidade de potência.

Em setembro, o anúncio de que a F-1 correria no Qatar em novembro e por mais dez anos a partir de 2023 foi um forte indício de que as conversas estavam avançando.

O QIA, fundo soberano do Catar, é o terceiro maior proprietário de ações do Grupo Volkswagen e tem direto a 17% dos votos no conselho.

A escolha pela Audi, em detrimento da Porsche, faz todo sentido do ponto de vista estratégico.

Uma das fundadoras da Fórmula E, a marca das quatro argolas despediu-se da categoria de carros elétricos no fim do último campeonato, em agosto. A Porsche estreou por lá em 2019 e já confirmou sua participação nas próximas temporadas. Desta forma, a Volks garante presença nas duas principais categorias de monopostos da FIA.

Recken, que conheci nos meus anos viajando com a F-1 e com quem certa vez dividi um bonde para chegar ao Albert Park, especializou-se nos negócios da categoria e é dos jornalistas mais bem informados sobre os bastidores do esporte.

Na reportagem citada acima, ele conta que teve acesso à carta enviada pelos executivos da Audi para Todt e Domenicali. E cita um detalhe curioso, uma picardia da Volks para cima da Mercedes, também alemã. Eles cumprimentam a FIA e a Liberty pela conclusão do campeonato e, especialmente, pelas decisões tomadas na polêmica volta final de Abu Dhabi.

Àquela altura, a Mercedes ainda estudava recorrer do resultado.

É uma mostra do que vem por aí, uma nova rivalidade no horizonte, agora entre duas gigantes da indústria automotiva.

Gostamos.