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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

F-1 resgata Briatore, pivô de seu maior escândalo

Flavio Briatore, ex-chefe da Renault na Fórmula 1, que está de volta à categoria - REUTERS/Giorgio Perottino/
Flavio Briatore, ex-chefe da Renault na Fórmula 1, que está de volta à categoria Imagem: REUTERS/Giorgio Perottino/

Colunista do UOL

19/10/2021 14h29

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Um dos personagens mais controversos da história da F-1 está de volta.

Em um vídeo no Instagram, Flavio Briatore anunciou o início de "um novo capítulo" da categoria. "Vamos trazer para vocês toda a empolgação, o entretenimento, a diversão e a energia que este esporte merece", escreveu.

No post, ele está ao lado de Stefano Domenicali, homem-forte da Liberty Media na F-1.

A imagem vale por mil palavras e joga luz a uma interrogação que ficou no ar após Domenicali prometer novidades num texto publicado na segunda-feira pelo site oficial da F-1.

O executivo escreveu uma frase enigmática: "Em relação ao futuro após 2022, boas notícias virão em breve, mas ainda não posso contar".

Briatore, bem a seu estilo, foi mais espalhafatoso. Postou o vídeo, acabou com o mistério, já deixou claro que este futuro é com ele. Chegou chegando.

Mas qual seria seu papel? Ao que tudo indica, ele cuidará de todo o entretenimento no entorno das etapas do campeonato. Áreas VIPs, estruturas de patrocinadores e espaços de convivência para os torcedores ficarão sob sua responsabilidade.

O que ele vai fazer, aliás, é um detalhe. A grande notícia é o seu retorno.

Uma notícia que choca.

flavio1 - Renault - Renault
Flavio Briatore, entre Nelsinho Piquet e Fernando Alonso, nos tempos de Renault
Imagem: Renault

Briatore foi um dos artífices do maior escândalo da história da F-1, em 2008. Por ordem dele, Nelsinho Piquet bateu o carro de propósito na 14ª volta do GP de Singapura para beneficiar o companheiro de Renault, Fernando Alonso.

Em princípio, deu certo: o espanhol venceu a corrida, o que mudou os rumos daquele Mundial. Não fosse a armação, Felipe Massa poderia ter superado Lewis Hamilton na tabela naquela corrida. A batida mexeu com o GP, e o brasileiro saiu de lá 7 pontos atrás. No fim do ano, em Interlagos, o inglês sagrou-se campeão por apenas um ponto de vantagem.

Apenas um ano depois, num trabalho incrível do Reginaldo Leme, a verdade foi revelada. O caso tornou-se conhecido como "Singapuragate" e dois dirigentes da Renault foram punidos. Pat Symonds, diretor técnico, foi expulso da F-1 por cinco anos. Briatore foi banido por toda a vida de toda e qualquer competição automobilística chancelada pela FIA.

Nenhuma das duas sanções foi levada a sério por muito tempo.

Em 2010, Max Mosley, presidente da FIA e inimigo declarado de Briatore, foi envolvido num escândalo sexual e perdeu o cargo. Coincidência?

Sem Mosley por perto, tanto Briatore como Symonds tiveram suas penas revogadas. Na ocasião, o italiano chegou a declarar que nunca mais voltaria a pisar num paddock.

Mais uma vez, não durou muito. Briatore passou a aparecer de vez em quando, em negócios ocasionais com a categoria, enquanto seguia uma vida louca fora das pistas.

Entre outras histórias, seu nome surgiu na agenda de amigos íntimos de Jeff Epstein, bilionário americano denunciado por tráfico sexual de meninas menores de idade e que foi encontrado morto numa prisão nos EUA em 2019.

É este homem que a F-1 traz de volta agora.

Será possível que a Liberty, um conglomerado de empresas de mídia, não consiga encontrar alguém mais apropriado para o cargo?