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Em vez de esculachar Russell, Mercedes deveria convocá-lo
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A história ganhou jornais e sites especializados nos últimos dias: irritado com o acidente que tirou Bottas do GP da Emilia Romagna, no domingo, Wolff partiu para o ataque contra Russell.
Disse que o jovem inglês nunca deveria ter tentado a ultrapassagem naquele ponto da pista, ainda molhado, e que precisaria ter levado em consideração o fato de estar duelando com uma Mercedes. "Ele assumiu um risco, e o carro à frente dele era uma Mercedes. Qualquer piloto em desenvolvimento não pode perder de vista sua perspectiva global", disse.
Em outras palavras: ameaçou Russell. Escancarou que o piloto deve se portar de maneira diferente sempre que encontrar Hamilton e Bottas na pista. Ou pode ficar sem emprego no futuro.
"Eu brinco dizendo que, se ele fizer um bom trabalho, pode chegar à Mercedes. Do contrário, vai para a Copa Clio. Hoje ele está mais próximo da Copa Clio", afirmou o dirigente à Sky F1, da Inglaterra, mais uma declaração infeliz e que gerou uma piada da Renault. Pelo Twitter, a montadora francesa mandou uma ficha de inscrição de seu campeonato para a Mercedes.
Russell tem 24 anos, foi campeão da F-2 em 2018 e vive sua terceira temporada pela Williams. Desde 2017 é membro do programa de desenvolvimento da Mercedes, candidato natural a uma vaga de titular. No ano passado, teve a chance de substituir o heptacampeão no GP de Sakhir e fez bonito: largou em segundo e só não venceu a prova porque a Mercedes fez lambança nos boxes e porque depois teve um pneu furado.
É um piloto rápido, talentoso e que amadurece a cada ano. Que errou em Imola, sim. Mas que não pode ser condenado por tentar uma ultrapassagem. Ele não foi nenhum kamizake na manobra, como Wolff dá a entender. Colocou de lado no S da Tamburello, pisou no molhado, infelizmente acertou Bottas. Simples assim. Acontece o tempo todo no automobilismo.
O busílis aqui é outro. A Mercedes comete um erro estratégico.
Wolff, de cabeça quente ou não, deveria escolher melhor seus adversários. E deveria considerar Russell, desde já, como um grande aliado, como uma solução já para 2021.
Vencedora dos últimos sete Mundiais de Pilotos e Construtores, a Mercedes enfrenta nesta temporada o maior desafio à sua hegemonia. A Red Bull tem um carro notadamente mais veloz e conta com uma dupla fortíssima: Verstappen e Pérez. O holandês é seu concorrente ao título, mas o mexicano tem totais condições de roubar pontos importantes dos rivais.
Já a Mercedes conta com um carro que ainda sofre em ritmo de classificação. E Bottas, na opinião deste blogueiro, não dá mais. Falta sangue nos olhos, falta vontade, falta motivação. Compreensível, até, já que ele foi esmagado por Hamilton nas últimas quatro temporadas.
O que aconteceu em Imola foi emblemático. Nos treinos, o finlandês foi um leão: liderou as duas sessões de sexta-feira e foi o mais rápido no Q1. Na hora da decisão, falhou: ficou só em oitavo no grid, a 0s487 do companheiro, que cravou a pole. E no acidente com Russell, não esqueçamos, a disputa era pelo nono lugar! O que um piloto da Mercedes estava fazendo ali?
Faltou inteligência emocional a Wolff. Críticas internas são do jogo, mas publicamente deveria poupar Russell. Mais: deveria prepará-lo para ser convocado a qualquer momento. Talvez a Mercedes precise disso.
A pergunta que ele deveria fazer é: quem seria, hoje, o melhor soldado contra os rivais em ascensão? Eu iria com o inglês.
A solução para o oitavo título pode estar no jovem que há quatro dias foi esculachado pelo chefe da equipe...
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