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Diogo Silva

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Diogo Silva: Taleban frustra sonho da 1ª mulher afegã de ir a Paralimpíadas

Atleta paralímpica do Afeganistão, Zakia Khudadadi - Zakia Khudadadi/Zakia Khudadadi via REUTERS
Atleta paralímpica do Afeganistão, Zakia Khudadadi Imagem: Zakia Khudadadi/Zakia Khudadadi via REUTERS

18/08/2021 16h19

Faltando poucos dias para iniciar os Jogos Paralímpicos de Tóquio, o chefe da missão do Comitê Paralímpico Afegão, Arian Sadiqui, anunciou que os atletas do país não poderão mais participar do evento. O anúncio veio logo depois que os aeroportos de Cabul foram fechados com a chegada do Talibã à capital.

O Afeganistão mandaria dois atletas paralímpicos a Tóquio - os dois do taekwondo e que iriam estrear no dia 02 de setembro.

Aos 23 anos, Zakia Khudadadi, na categoria até 43 kg, seria a primeira mulher afegã a participar de uma edição paralímpica. Entre os homens, Hossain Rasouli, de 24 anos, seria o primeiro atleta masculino a representar o parataekwondo, que está estreando em Tóquio. Ele perdeu a mão esquerda devido à explosão de uma mina.

O mundo das lutas é uma das poucas oportunidades de sucesso de atletas que vivem em países em situação de conflito ou com governos autoritários. O Afeganistão tinha mostrado sua força no Taekwondo, com Rohullah Nikpai, que foi bronze em Pequim 2008, na categoria até 58kg. Nikpai, com apenas 21 anos, foi o primeiro medalhista olímpico do Afeganistão na história.

Em Londres 2012, já na categoria até 68kg, Nikpai repetiu o feito, novamente conquistando o bronze, e se tornando a maior estrela esportiva do Afeganistão.

E foi exatamente o feito de Nikpai que inspirou Zakia a querer ser uma taekwondista.

Sem o regime do Talibã, que foi expulso pelos Estados Unidos em 2001, a esperança de muitas meninas e mulheres era de poder ir à escola e praticar esportes. Com o retorno do regime atletas como Zaika serão impedidas de realizar seus sonhos.

A família de Zakia que vive em Herat, perto da fronteira com o Irã, já temia pelo sucesso da filha. As vitórias de Zaika no parataekwondo poderiam chamar muita atenção e assim atrair olhares dos radicais. O temor era de práticas terroristas contra pessoas que se destacam e alcançam sucesso.

Com a decisão de não mandar os atletas paralímpicos a Tóquio, em decorrência do avanço do grupo terrorista, o sonho de Zakia foi interrompido.