Danilo Lavieri

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A convite de Leila, tive acesso aos contratos de Crefisa e FAM no Palmeiras

Depois da última coletiva de imprensa em falou que era contra confidencialidade, a coluna fez um convite a Leila Pereira: já que você reprova o sigilo, abra o contrato da Crefisa e da FAM com o Palmeiras. E o convite foi aceito pela dirigente. Durante o encontro, ela voltou a reforçar o que disse publicamente na entrevista: "seria bom se outros clubes fizessem isso com a imprensa".

Por mais de duas horas nesta quinta-feira, a reportagem esteve ao lado da presidente do clube com livre acesso a mais de 50 páginas entre os contratos feitos com a Crefisa e com a FAM e também com os aditivos que renovaram o acordo até dezembro de 2024. Como amplamente divulgado, não há nenhum tipo de reajuste de ano para ano.

Propriedades

O ponto mais questionado, especialmente pela oposição, é sobre quais propriedades estão descritas no contrato. No vínculo, há a especificação que o acordo é válido tanto para o masculino quanto para o feminino. Também há uma série de especificações sobre onde cada marca pode entrar.

Por exemplo, há delimitações como: "a Crefisa pode entrar na parte frontal da camiseta com um logotipo de até 28 centímetros de largura". Ao fim do contrato, há uma série de ilustrações mostrando as obrigações da Crefisa e da FAM como patrocinadores e do Palmeiras como patrocinado.

Também há uma cláusula que diz que a empresa tem o direito de patrocinar os atletas, o técnico, a comissão técnica, o departamento médico e até mesmo o maqueiro. Além disso, traz especificações para uniformes de viagem, de aquecimento e até capa de chuva oficial do time.

Ainda há outras propriedades como "a Crefisa tem direito a estar em três bancos de reservas no Centro de Treinamento" e a "35% do espaço do backdrop em coletivas de imprensa". Há itens que não são mais explorados, como o direito de estampar o túnel inflável de entrada no campo ou de usar o espaço da Academia de Futebol para eventos privados da Crefisa em até seis datas no ano. Existe até a prerrogativa para a Crefisa convidar cinco crianças para entrarem em campo com o time antes da execução do hino.

Também está previsto que as duas empresas podem estampar suas marcas no ônibus, em até 32 placas de publicidade no CT, no site oficial, enviar propaganda para o mailing do clube e fazer uma ação por mês com até três jogadores do time principal. Não há uma divisão sobre quanto vale cada espaço na camisa ou cada propriedade.

Há outros direitos que Leila Pereira diz não usar em sua totalidade: dez ingressos por jogo para a Cadeira Central, 300 ingressos para a Cadeira Superior e 400 camisas oficiais por ano. A Crefisa ainda teria direito a 50 kits do clube e a um camarote no Allianz para 18 pessoas, que Leila diz pagar do próprio bolso.

A FAM tem direito a todos esses benefícios listados acima, mas em menor proporção. No caso das camisas, por exemplo, o número cai de 400 para 100. Para a faculdade, também já há a previsão de estampar o carrinho de maca, além de naming rights para a TV Palmeiras e também para a inserção de vinhetas de três segundos em todos os vídeos, além de ativações em outras redes sociais.

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Briga com Paulo Nobre teve efeitos

Depois de uma briga que teve com Paulo Nobre em 2015, quando o clube fez uma camisa comemorativa sem exibir a marca da Crefisa, Leila também fez questão de colocar em contrato a proibição de usar camisas comemorativas sem exposição da sua marca na hora de receber o troféu.

Também há a previsão de confidencialidade do contrato, mas com algumas exceções: quando as duas partes concordarem com a divulgação de dados ou quando for necessária o debate nos órgãos internos do clube.

Pagamentos, bônus e multas

Os valores estão determinados em pagamentos mensais. São R$ 225 milhões divididos em 36 parcelas pelo patrocínio da Crefisa, o que significa R$ 75 milhões por ano, e mais R$ 18 milhões divididos em 36 parcelas pelo patrocínio da FAM, o que significa R$ 6 milhões por ano. O pagamento é feito todo dia 10. O resultado é o que todo mundo já sabe: R$ 81 milhões fixos por temporada. Não há nenhum tipo de reajuste de ano a ano.

As bonificações também estão especificadas: R$ 4 milhões pelo título do Paulista; R$ 6 milhões pelo título da Copa do Brasil; R$ 10 milhões pelo título do Brasileirão; R$ 12 milhões pelo título da Libertadores; R$ 6 milhões pelo título do Mundial de clube. Ainda há um pagamento previsto de R$ 4 milhões pela classificação para a fase de grupos da Libertadores, mas esse bônus não é cumulativo em caso de título do Brasileirão ou da Copa do Brasil, que dão vaga direta para os grupos da competição sul-americana.

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Há uma previsão de pagamento de multa com correção no IGP-M e mais uma multa de 1% ao dia. Por outro lado, se o Palmeiras descumprir alguns dos combinados na relação com o uniforme, a Crefisa pode aplicar uma multa de R$ 2,5 milhões por jogo ou até requisitar a rescisão por justa causa dependendo da gravidade. Em contrapartida, não há nenhuma cláusula para a rescisão sem motivo para nenhum dos lados.

A Crefisa ainda tem o direito de igualar qualquer proposta recebida pelo clube em até cinco dias úteis depois de ser notificada e garante a exclusividade em uma cláusula onde coloca a Puma ou qualquer outro fornecedor de material esportivo como única exceção.

Quem assinou e quando

O contrato foi assinado no dia 17 de janeiro de 2019, com as duas partes reconhecendo que o vínculo tinha validade a partir do dia 02 de janeiro de 2019 até 31 de dezembro de 2021. Para renovar o acordo até 2024, foi feito apenas um aditivo em julho de 2021 reconhecendo que aquele acordo assinado anteriormente valeria por mais três anos.

Além da assinatura de Leila Pereira, como representante da Crefisa, também assinam o papel o ex-presidente do Palmeiras Maurício Galiotte e representantes do departamento de marketing, financeiro e jurídico do clube.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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