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Clodoaldo Silva

Vacinação contra a covid-19 e pessoas com deficiência

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Imagem: iStock

21/01/2021 17h39

A vacina saiu, e boa parte da população está com muita esperança de dias melhores. Nessa primeira fase, pessoas com deficiência institucionalizadas (aquelas que vivem em residência inclusiva, unidade ofertada pelo Serviço de Acolhimento Institucional para Jovens e Adultos com Deficiência) poderão tomar a vacina. Segundo estimativa apontada no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19, do Ministério da Saúde, serão vacinadas 6.472 pessoas desse grupo nessa primeira fase.

Precisamos entender que não existe um plano específico federal ou nos estados que vise imunizar a população com deficiência. Depois da primeira fase temos mais dois grupos em que se encaixam pessoas com deficiência: o comorbidades, que inclui, por exemplo, pessoas com Síndrome de Down, e o grupo pessoas com deficiência permanente grave (7.744.445 indivíduos, segundo o censo do IBGE de 2010). Porém, esse dado corresponde às pessoas de 18 a 59 anos.

E as pessoas que não estão nessa faixa etária? Estamos previstos para a quarta etapa da vacinação, mas como visto no Plano Nacional, não existem definições de estratégias. A fase atual é a única definida. Tenho muitas dúvidas sobre a vacinação e acredito que muitas pessoas com deficiência também têm. Como irá funcionar, por exemplo, para aqueles que não têm acessibilidade e não podem se deslocar para tomar a vacina?

Nesta quarta-feira a minha amiga e senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) apresentou um requerimento ao ministro de Saúde, Eduardo Pazuello, solicitando detalhes sobre a programação para grupos como, cuidadores de pessoas com deficiência, pessoas com doenças neuromusculares, pessoas com deficiências psicossociais, pessoas ostomizadas, pessoas que já foram contaminadas pelo coronavírus e portadores do vírus HIV.

É importante dizer que as pessoas com deficiência são um grupo de risco devido a vários fatores, entre outros, sua dificuldade em manter protocolos de higiene, como não abraçar, não tocar no rosto, lavar as mãos com frequência, manter distância. Como uma pessoa cega, por exemplo, irá manter distância?

Enquanto a gente está com todas essas dúvidas, hoje, a Holanda iniciou o processo de vacinação desse grupo por lá.

Acredito que a parcela realmente mais vulnerável da sociedade tenha que ser prioridade para a vacinação e que as informações precisam estar claras para todos nós. Muita gente está perdida no meio de tudo que vem ocorrendo.

O certo é que estamos de olho e que sabemos que nós temos o direito de prioridade conforme indica a Lei Brasileira de Inclusão. A legislação considera que pessoas com deficiência são vulneráveis e garante prioridade para elas em caso de calamidade pública. Que se faça cumprir a lei. Não é mesmo? Enquanto isso, a gente fica de olho nos próximos capítulos da vacinação!