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Fogaça: Quem chega melhor para o GreNal 423?

Caio Henrique durante apresentação oficial no Grêmio - Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Caio Henrique durante apresentação oficial no Grêmio Imagem: Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Gustavo Fogaça

14/02/2020 09h27

Segundo mês do ano e já teremos o maior clássico do Brasil no Gauchão. Grêmio e Inter se enfrentarão pela 423a vez na história amanhã (15), no Beira-Rio pela semifinal da primeira fase do estadual. E, como sempre, surge uma questão central: quem chega melhor para o GreNal?

Normalmente já é difícil prever um favorito neste clássico em que a cada cinco minutos o anímico muda de lado. Com as duas equipes em estágios diferentes, essa gangorra fica mais incontrolável, e uma previsão certeira praticamente vira um exercício de futurologia.

De um lado, Renato Portaluppi recebe os jogadores da seleção pré-olímpica que trazem mais qualidade ao elenco. Matheus Henrique é titular incontestável, e sua presença ajuda o futebol do capitão Maicon. Pepê é o 12º jogador, aquele reserva que sempre entra bem. E Caio Henrique em curto prazo deve virar titular da lateral esquerda.

De outro, Chacho Coudet mostra que a cada partida seus jogadores estão assimilando melhor as suas ideias. É inegável que o Inter mostra evolução coletiva jogo a jogo, mesmo enfrentando adversários bem mais fracos tecnicamente. E essa consistência do jogo coletivo certamente trará frutos no longo prazo.

Justamente o trabalho coletivo é o que mais preocupa no Grêmio. Um modelo de jogo que já está conhecido e manjado pelos adversários, sem ideias que mostrem mudanças claras nas dinâmicas ofensivas e defensivas do time. Parece que o time depende muito da qualidade individual dos seus atletas para resolver os jogos.

E a perspectiva negativa do Inter é justamente a qualidade técnica individual. Em termos de elenco, não é um grupo com muitas opções que permitam mudar uma partida. E, talvez, se coletivamente for anulado, pode ficar em apuros ao depender desse desempenho individual.

Na média, o Grêmio em 2020 criou 7 chances por jogo, com conversão de 25% em gols. Time com alta taxa de posse de bola (65%), que cria boas chances por meio da posse: cada finalização CERTA do Tricolor tem probabilidade média de 36% de gol. No total, foram 10 gols marcados e 14 esperados (xG).

Ou seja, é um time que tem muita posse, cria muitas chances por partida, quando acerta o gol são chances de alta probabilidade de gol, mas que marca MENOS gols do que esperado.

Já o Colorado criou na média 6 chances por jogo, com conversão de 24%. Também tem alta posse de bola (66%) e a probabilidade de gol de cada finalização certa na média foi de 34%. Marcou 12 gols e teve 11 esperados (xG).

Então, é um time que também tem muita posse, cria muitas chances e de qualidade, mas marca MAIS gols do que esperado. É eficiente.

Defensivamente, enquanto o Grêmio venceu 52% das disputas, o Inter venceu 50%, na média. Usando o índice de intensidade defensiva (PPDA), o Tricolor tem 1,5 e o Colorado 1,37. Quanto MENOR o índice, MAIS intenso é o time defensivamente.

Enquanto Coudet tenta transformar seu time em uma obsessão pela intensidade, Renato ainda não conseguiu voltar a ter padrão defensivo com sua equipe. E pode aí estar um fator decisivo do GreNal.

Com a experiência que já tenho de tantos clássicos gaúchos assistidos, sei que nenhuma dessas estatísticas pode significar algo na hora que a bola rolar. O GreNal é mágico, ele cria heróis e vilões na mesma quantidade e velocidade. Ele questiona a lógica da matemática ou a força das emoções. E sem dúvidas, este será um dos mais disputados e parelhos dos últimos anos.

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