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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

"À moda antiga", Uruguai vai mal de novo, perde para Portugal e se complica

Valverde e João Cancelo disputam lance na partida entre Portugal e Uruguai - Pablo Morano/BSR Agency
Valverde e João Cancelo disputam lance na partida entre Portugal e Uruguai Imagem: Pablo Morano/BSR Agency

Gabriel Perecini

28/11/2022 18h24

Um Uruguai "à moda antiga". Foi o que vimos durante boa parte da derrota para Portugal, que colocou a Celeste em uma situação bastante complicada no Grupo H. Com uma postura excessivamente conservadora, muita marcação e dependente de bolas longas e talentos individuais, a equipe de Diego Alonso precisou sofrer o gol para reagir. Com três zagueiros, buscou o "caminho mais fácil" para solucionar alguns problemas da estreia e acabou flertando com um passado recente pouco efetivo.

No 11º jogo da Era Alonso, o Uruguai foi para a sua segunda escalação inicial com três zagueiros. Antes do duelo contra Portugal, apenas o amistoso contra os Estados Unidos, em setembro, contou com essa formação. Com essa estrutura, o Uruguai tinha duas estratégias principais: amarrar a seleção portuguesa e "pular" a fase de construção inicial, que foi um dos grandes problemas do time na estreia, contra a Coreia do Sul.

Com a bola, muitas ligações diretas para a dupla Cavani e Darwín Núñez. O veterano ganhou a vaga de Suárez por aparentar estar em melhores condições físicas, além de poder ser uma força nessa bola esticada. Mesmo sem conseguir ganhar a primeira bola, a ideia era batalhar pelo rebote e começar a construção em uma fase mais avançada do gramado, sem a necessidade de construir desde Rochet ou dos zagueiros. Além dos defensores celestes não terem grande qualidade nesse fundamento, era de se esperar que Portugal dominasse a posse de bola.

Sem a bola, faltas. Foram 10 cometidas no primeiro tempo, contra duas portuguesas. O Uruguai deixou a posse com a equipe de Fernando Santos, que tem a circulação e a movimentação no meio como características. A estratégia de defender a área funcionou na primeira etapa, com Portugal só conseguindo finalizar de longe e sem acertar o alvo, mas a facilidade para superar a primeira linha de marcação e permitir que o adversário rondasse com tranquilidade as imediações da área foram pontos negativos. O 5-3-2 tinha pouca intensidade no combate a quem tinha a bola, apenas cercando e fechando os espaços. Quando recuperava a bola, não havia uma ideia, ou velocidade, para contra-ataques.

No segundo tempo, sem alterações, o desenho do jogo se manteve. Até que um cruzamento de Bruno Fernandes encontrou a infiltração de Cristiano Ronaldo, que não toca na bola, mas atrapalha Rochet. Varela, que já havia saído atrasado da linha de defesa no primeiro tempo, novamente fica para trás e dá condição ao atacante.

O gol muda o panorama do jogo: Portugal se sente mais confortável em entregar um pouco mais da bola ao Uruguai, que agora sai para o jogo. Oito minutos depois, a mudança tática: Arrascaeta e Pellistri entram na vaga de Godín e Vecino. Agora, a Celeste saiu da formação com apenas um teste para a formação mais utilizada por Alonso: 4-4-2, com Arrascaeta saindo da ponta para dentro, buscando armar o time. Foi a formação do jogo que classificou o Uruguai ao Qatar, contra o Peru, em Montevidéu.

A partir das trocas, o Uruguai cresce. Pellistri pela direita levava perigo, com intensidade e objetividade, mas decidia mal as jogadas. Arrascaeta, com boa movimentação, conseguia receber por dentro e organizar o time. Bentancur e Valverde passaram a atuar mais no campo de ataque, inclusive na pressão para recuperar rápido. O Uruguai pressionou, criou e perdeu grandes chances nesse período.

No fim, um pênalti discutível de Giménez sacramentou o resultado para a equipe que buscou a vitória por mais tempo. O Uruguai, até sofrer o gol, retornou a um estilo antigo, que até a Copa do Mundo ainda não tinha sido visto sob o comando de Diego Alonso. Agora, contra Gana, precisará retornar ao estilo mais ofensivo que o classificou para o Mundial se não quiser voltar mais cedo para casa. A formação que terminou o jogo contra Portugal deverá aparecer desde o início. Apesar de ter sofrido um gol antes de sofrer uma finalização certa na Copa, e de ter três bolas na trave e algumas chances claras, o desempenho Celeste ficou muito aquém nas duas primeiras partidas. Resta uma última chance para caminhar para frente.

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