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Gustavo Fogaça: O que faltou aos treinadores de Grêmio e Internacional?

Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, em jogo contra o Athletico - João Vitor Rezende Borba/AGIF
Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, em jogo contra o Athletico Imagem: João Vitor Rezende Borba/AGIF
Gustavo Fogaça

05/09/2019 12h07

O Grêmio foi eliminado da Copa do Brasil na disputa de pênaltis pelo Athletico uma semana depois do Internacional ser eliminado pelo Flamengo no Beira-Rio na Libertadores. Uma coisa em comum às duas eliminações: faltou aos treinadores entenderem o contexto das partidas.

Odair Hellmann é um treinador novo e que vem evoluindo. Conseguiu colocar o Inter em um alto nível de competitividade, mesmo com um elenco sem muitas opções para variar o modelo de jogo. Se esperavam jogos mais parelhos contra o Flamengo, isso não aconteceu.

No Maracanã no jogo de ida, com Edenílson descontado voltando de lesão, o Internacional tinha obrigação de não levar gols. Quando se enfrenta uma equipe que tem individualidades com qualidade técnica superior, a prudência aconselha a não permitir que o adversário "goste da partida".

A leitura correta do contexto daquele jogo era montar um FERROLHO gaudério, estacionar um BUSÃO na frente da área e segurar o 0x0 a todo custo. Quer tentar vencer a partida? Então tenta nos últimos 10 minutos! Assim, se não der certo, pelo menos não há tempo para perder o jogo de muito.

Colorado começou o jogo com Rafael Sobis e D'Alessandro controlando o tempo da partida, segurando a bola e tentando quebrar o ímpeto flamenguista de resolver logo o resultado. E funcionou no primeiro tempo. Ao tirar os dois e colocar jogadores de velocidade, Odair deu o controle do jogo ao Flamengo e o resto da história já se sabe.

Voltando do Rio com um 0x0 (ou até mesmo uma derrota magra), o jogo de Porto Alegre teria outro ambiente e os caminhos para a classificação poderiam ser diferentes. Mas o Inter dimensionou errado o jogo de ida e comprometeu sua participação na Libertadores.

Com um resultado amplo de 2x0 conquistado no jogo de ida em Porto Alegre, o Grêmio foi para Curitiba tranquilão acreditando que era só passar o tempo para se garantir na final da Copa do Brasil.

O capitão Maicon no banco, voltando de lesão. Luan e Tardelli em momento de baixa técnica. Éverton Cebolinha fora por suspensão. Renato tinha obrigação de montar uma organização defensiva sólida e intensa, que quebrasse o ímpeto natural do Furacão que precisava de dois gols pelo menos.

Sem capacidade de controlar nem a bola, nem os espaços e menos o tempo da partida, Tricolor terminou o primeiro tempo com 33% de posse e atrás no placar. Aos 5 minutos do segundo tempo, Athletico conseguia empatar a vantagem com um 2x0. O jogo iria aos pênaltis.

A leitura correta de Renato seria ter apostado em jogadores de controle no primeiro tempo (Luan e Tardelli) e depois FECHAR A CASINHA no segundo, com caras como Rômulo, Darlan e Thaciano. Quebrar o ritmo do adversário TENDO a bola, e depois, não deixando o Athletico construir.

Mas o Grêmio não fez nem uma e nem outra dessas estratégias, perdeu Kannemann em uma expulsão justa e teve um pênalti a favor não marcado (discutível). Com todas essas variantes, a questão é que faltou à comissão técnica gremista o entendimento do contexto do jogo da volta.

Mesmo assim, o Internacional está na final da Copa do Brasil e o Grêmio enfrentará o Flamengo na semi da Libertadores. É o futebol dando chance aos dois treinadores para que não cometam os mesmos erros. O futuro dirá!

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