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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Apesar dos títulos, Flamengo precisa rever conceito de profissionalismo

Victor Hugo, do Flamengo, disputa a bola na partida contra o Juventude - Luiz Erbes/AGIF
Victor Hugo, do Flamengo, disputa a bola na partida contra o Juventude Imagem: Luiz Erbes/AGIF

Colunista do UOL Esporte

10/11/2022 06h41

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O empate por 2 a 2 com o lanterna Juventude no Alfredo Jaconi não é um resultado absurdo, pelo contexto das duas equipes. Até porque o time gaúcho contratou Celso Roth já pensando na próxima temporada. O "luto" do rebaixamento já passou e o clima é de recomeço.

A questão que o Flamengo traz, ou deveria trazer de Caxias, é sobre comportamento dentro de um ambiente profissional.

Atletas bem remunerados e com ótima estrutura disponível foram divididos em dois times para reduzir o desgaste na temporada. Individualmente jogaram bem menos do que poderiam, o que não pode ser considerado um erro dentro do universo de 77 partidas em 2022.

Mas daí a muitos simplesmente anteciparem as férias, ou algo muito próximo disso, ainda faltando rodadas a disputar pelo Brasileiro, em que a posição final na tabela influencia na premiação pelo principal campeonato no Brasil, vai uma diferença grande.

De cima para baixo, qual a motivação dos atletas que viajaram e entraram em campo, dentro desse ambiente permissivo e pouco competitivo? De privilegiados e subalternos? Dos que jogam quando querem e aqueles que precisam se submeter?

O resultado é um time com alguma intensidade por alguns minutos do primeiro tempo, abrindo o placar com Matheuzinho, ainda antes do primeiro minuto, e depois uma acomodação que permitiu a virada do pior time do campeonato.

Segunda etapa nada inspirada, que mudou com as substituições que colocaram a garotada em campo para lutar e conseguir o empate no final.

Com o jovem Werton, que protagonizou o lapso do Flamengo guerreiro no Jaconi. Disputando, marcando o gol, vibrando e se emocionando na comemoração e na entrevista pós-jogo.

É claro que um atleta mais rodado, sem esse vínculo com o clube, não precisa ter a mesma reação juvenil. Mas daí a bater ponto com a camisa campeã da Libertadores e da Copa do Brasil em um jogo oficial é uma distância grande.

Restará a quinta colocação em uma campanha inconstante, desde Paulo Souza até esse final que gera críticas com as quais Dorival Júnior não precisava nem merecia conviver. Afinal, é especialmente pelo seu trabalho que o Flamengo pode celebrar a terceira temporada mais vencedora de sua história.

Mas fica a marca do paternalismo que não pode ocorrer em 2023. As taças não são aval para a preguiça, para escolher os jogos em que vão se dedicar de fato. Sempre será o Flamengo em campo. É conceito, não tem a ver com o resultado final.

Por isso é melhor rechear o elenco. Com Gerson, caso seja mesmo negociado com o Olympique, e outros que cheguem com "fome". Para compensar a barriga cheia que pode pesar no ano que vem.