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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Palmeiras retoma liderança com posse e pressão, mas gol só no contra-ataque

Jogadores do Palmeiras abraçam Gabriel Veron, autor do gol que deu a vitória ao clube na partida contra o Cuiabá - RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Jogadores do Palmeiras abraçam Gabriel Veron, autor do gol que deu a vitória ao clube na partida contra o Cuiabá Imagem: RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

18/07/2022 22h19

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Abel Ferreira armou o Palmeiras para abrir o campo e atacar a linha de cinco do Cuiabá no Allianz Parque.

Duplas pelos lados: à direita, Gustavo Scarpa e Mayke, que cabeceou no primeiro bom ataque alviverde para grande defesa de Walter e bola no travessão. Piquerez e Dudu pela esquerda, com Raphael Veiga e Gabriel Verón se movimentando e dando opções para tabelas e triangulações.

Mas faltou inspiração, na maior parte do tempo. Novamente a dificuldade para furar um "ferrolho", especialmente depois da costumeira "blitz" inicial em casa. Ainda mais com o desgaste físico e emocional da eliminação na Copa do Brasil.

Só que o time visitante, comandado pelo também português Antonio Oliveira, até se fechava bem no 5-4-1 e conseguia em alguns momentos trocar passes e sair do perde-pressiona do adversário, mas não tinha uma referência de velocidade para receber às costas da defesa. Nem os ponteiros Alesson e Valdívia, muito menos o "falso nove" Rodriguinho.

O Palmeiras rodava a bola, tentava acionar Dudu pela esquerda, inclusive com inversões de Scarpa. Sem Zé Rafael, substituído por Gabriel Menino, Danilo ficou sobrecarregado na proteção da zaga, que na maior parte do tempo ficou apenas com Gustavo Gómez e Murilo, sem um lateral como terceiro elemento, e também na qualidade da saída de bola.

Mas o grande "armador" foi Mayke, que pressionou Valdívia, roubou e enfiou rapidamente para Verón. Raríssima oportunidade de um contragolpe, que não foi desperdiçada.

É uma evolução em relação às temporadas anteriores. Por exemplo, no ano passado, na mesma 17ª rodada, o Palmeiras em seu estádio cercou o Cuiabá, se desestabilizou e deixou espaços demais, sofrendo os 2 a 0.

Agora manteve a concentração defensiva e teve paciência para, na dificuldade, esperar a chance de forçar o erro e aproveitá-lo. Consequência natural do tempo de trabalho e da confiança dos títulos conquistados. Inclusive da torcida, que continua apoiando e esperando o melhor acontecer.

Depois Mayke passou a segurar mais atrás, auxiliando os zagueiros na saída e guardando posição, justamente para negar os contra-ataques do Cuiabá, que só ameaçou em cabeçadas de Rodriguinho e Marlon. As substituições novamente fizeram o nível técnico cair. E mesmo com o gol de Verón, ficou claro que os contratados Merentiel e López terão muito a acrescentar no ataque, ainda mais na ausência do lesionado Rony.

Os 61% de posse e as 16 finalizações, metade no alvo, além das seis concedidas, uma na direção da meta de Weverton, sinalizam um domínio completo e o placar até barato, ainda que fundamental para retomar a liderança do Galo. O ataque mais efetivo (28 gols marcados) e a defesa menos vazado (12 sofridos) volta ao topo da tabela.

Valorizando a bola e agressivo na frente. Mas gol só no contra-ataque. Parece paradoxal, mas virou uma marca do Palmeiras de Abel Ferreira na temporada.

(Estatísticas: SofaScore)