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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Para Vinicius Júnior brilhar na seleção, Neymar precisa soltar a bola

Neymar desafia a marcação de Haraguchi durante o amistoso entre Brasil e Japão - Charly Triballeau/AFP
Neymar desafia a marcação de Haraguchi durante o amistoso entre Brasil e Japão Imagem: Charly Triballeau/AFP

Colunista do UOL Esporte

06/06/2022 09h50

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Mais importante que a vitória por 1 a 0 sobre o Japão na chuvosa Tóquio foi a observação do quarteto ofensivo escalado por Tite: Raphinha pela direita, Lucas Paquetá e Neymar por dentro e Vinicius Júnior pela esquerda.

Solução óbvia, agora com o destaque do Real Madrid que decidiu a Liga dos Campeões mais descansado e adaptado ao fuso horário. Mudança na estrutura ofensiva, que requer adaptações e entrosamento.

Neymar e Paquetá alternando como "falso nove", buscando os espaços entre a defesa e o meio-campo do adversário, é o movimento que confunde e gera espaços para os ponteiros receberem a bola com mais liberdade.

Nos 4 a 0 sobre o Chile no Maracanã, Neymar jogou mais simples, rondando a área adversária e mais próximo da zona de conclusão. Sofreu quatro faltas, tentou três dribles, finalizou duas vezes e marcou um gol. Também procurou mais interações pela esquerda com Vinicius Júnior, em zonas mais próximas da área do oponente.

Desta vez o camisa dez buscou mais a bola com os volantes e lembrou os momentos em que centralizava todas as ações ofensivas, exagerando no individualismo. Não por acaso sofreu oito faltas. Foi quem mais interagiu com Vinicius, porém em regiões mais distantes da meta do goleiro Gonda.

Para complicar, a presença de Daniel Alves como um lateral mais construtor e a aproximação de Fred, com Raphinha mais aberto, fez a equipe de Tite atacar mais à direita. Do lado oposto, Vinicius Júnior buscou as interações mais por dentro, deixando o corredor aberto para Guilherme Arana. Mas nenhuma infiltração em diagonal do ponteiro recebeu o passe correto, como acontece no Real Madrid.

Por isso o desempenho mais discreto e a dificuldade para abrir o 4-1-4-1 japonês, apesar do domínio em grande parte do amistoso. Foram 20 finalizações, duas nas traves e apenas cinco no alvo, inclusive o pênalti sofrido por Richarlison e convertido por Neymar.

Agora cabe a Tite trabalhar para fazer as estrelas voltarem a funcionar reunidas. Com a consciência de que quanto mais Neymar conduzir e driblar, menos o jogo flui. Seja pelas faltas dos rivais ou pela menor participação dos companheiros. Parecia um problema solucionado, mas que teve uma "recaída" em Tóquio. Para Vinicius Júnior brilhar, Neymar tem que soltar a bola.

Nada tão preocupante. Importa mesmo é seguir focando em ganhar repertório ofensivo para surpreender.

(Estatísticas: SofaScore)