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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Torcida do Vasco não merece o time de Fernando Diniz

Técnico Fernando Diniz em sua estreia pelo Vasco: equipe sofreu empate do CRB aos 46 do segundo tempo - Rafael Ribeiro / Vasco
Técnico Fernando Diniz em sua estreia pelo Vasco: equipe sofreu empate do CRB aos 46 do segundo tempo Imagem: Rafael Ribeiro / Vasco

Colunista do UOL Esporte

05/11/2021 07h42

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Ver o time perder um pênalti aos 42 minutos do segundo tempo em um jogo duro, fora de casa, e, segundos depois, sofrer o gol em contra-ataque que decreta a derrota que praticamente sepulta as chances de voltar à Série A é um golpe duro demais para qualquer torcida.

Ainda mais para aquela que praticamente carrega o time no colo, no próprio estádio ou pelo Brasil, com recepções tocantes em aeroportos. O vascaíno não merece o que viveu na noite de quinta-feira. Com o revés fora de casa para o Guarani por 1 a 0, sete pontos separam os cruzmaltinos do Goiás, quarto colocado da Série B.

Faltando apenas cinco rodadas. E a próxima reserva um clássico estadual com o Botafogo. Elenco mais modesto, clube mais endividado e com menos perspectivas de recuperação financeira. Mas que encontrou em Enderson Moreira um treinador que potencializou as qualidades que nem o mais fanático alvinegro conseguia ver no grupo de jogadores.

O Vasco tem Fernando Diniz. Este que escreve não faz parte do cada vez mais robusto grupo de detratores do treinador. Mas é impossível não ser repetitivo nas críticas, já que seus times cometem sempre os mesmos erros.

Na derrota em Campinas, 66% de posse de bola e apenas sete finalizações, três no alvo. Contra 19 do adversário, oito na direção da meta do goleiro Lucão. A equipe trabalha a bola no campo de ataque, concentra jogadores em um lado do campo para criar superioridade numérica...mas não define.

Riquelme é uma promessa e cresceu sob o comando de Diniz, porém não pode ser o jogador que desequilibra aos 19 anos. As comparações com Felipe, campeão brasileiro e da Libertadores nos anos 1990, são cruéis. Porque este, aos 20 anos, podia ser coadjuvante de Edmundo, Evair, Juninho Pernambucano e Mauro Galvão. O atual lateral esquerdo precisa carregar o time nas costas. Na fase ruim, acerta a trave de Rafael Martins no primeiro tempo, após rara bela jogada coletiva.

Gérman Cano não pode virar vilão, ainda que tenha perdido o pênalti contra o Internacional que praticamente condenou o Vasco ao rebaixamento e, agora, desperdice a cobrança que, combinada com o gol sofrido, provavelmente vai manter o time na segunda divisão. São 11 gols do argentino que mantêm o time ainda com chances matemáticas de acesso.

O problema é coletivo. Ou de um treinador que passa a impressão de que vai esmurrar a faca acreditando que uma hora vai funcionar e ele provará que sempre esteve certo. Talvez aconteça, provavelmente em um time de menor expressão, sem tanta pressão externa. Ou em um contexto tão favorável que supere as deficiências crônicas de um trabalho que tem seu valor no vazio de ideias do futebol brasileiro, porém não entrega resultados.

A tabela até se apresenta acessível. O jogo contra o vice-líder Botafogo é em São Januário. Depois Vitória e Remo em casa e Vila Nova e Londrina como visitante. Os quatro da décima posição para baixo.

Mas como confiar na equipe que perde pontos inexplicáveis, como no empate com o Náutico depois de abrir 2 a 0, no revés para o Sampaio Correia com um jogador a mais desde o primeiro tempo e Nenê perdendo pênalti no último lance, ou na dura derrota de virada para o CSA em São Januário por 3 a 1? Novamente a instabilidade de Diniz passa para o campo.

O torcedor não merece esse ciclo vicioso e angustiante. O Vasco precisava contar novamente com as receitas da Série A para fortalecer o projeto de reconstrução. É claro que o iminente fracasso passa por jogadores, pelo diretor de futebol Alexandre Pássaro e pelo presidente Jorge Salgado.

Mas a escolha do técnico se mostrou infeliz e o clube vai pagar caro pelo maior dos equívocos.

(Estatísticas: SofaScore)