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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Fortaleza bate recorde, mas encara o efeito colateral do sucesso

Fortaleza e Cuiabá se enfrentam pelo Campeonato Brasileiro - Kely Pereira/AGIF
Fortaleza e Cuiabá se enfrentam pelo Campeonato Brasileiro Imagem: Kely Pereira/AGIF

Colunista do UOL Esporte

31/08/2021 08h39

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O Fortaleza fecha o primeiro turno no G-4 do Brasileiro. Nos debates sobre futebol brasileiro, agora sempre há um espaço, mesmo que pequeno, para elogiar o trabalho do clube e do treinador argentino Juan Pablo Vojvoda. A ponto do Ceará, grande rival, dispensar Guto Ferreira buscando algo acima do jogo reativo que nem resultados estava entregando mais.

Com 33 pontos em 18 rodadas, já ostenta a melhor campanha de um time nordestino na Série A, superando o Vitoria de 2008. Não é pouco. O recorde sugere uma real mudança de patamar, inclusive se somarmos a contribuição dos tempos de Rogério Ceni no clube.

Ainda ganhou atenção recentemente pela chegada de Lucas Lima. Dispensado pelo Palmeiras, sem grandes oportunidades, mas um jogador midiático dentro do cenário nacional e que Vojvoda pode recuperar dentro de sua proposta ofensiva e acrescentar qualidade na criação.

A estreia do meia foi no segundo tempo do empate sem gols em casa contra o Cuiabá. No contexto do campeonato, jogo para ganhar três pontos e se manter próximo do topo. Só que o sucesso também traz efeitos colaterais, como o estudo mais cuidadoso e a maior dedicação dos adversários para tirar pontos de quem está se destacando.

O time comandado por Jorginho veio determinado a negar espaços ao favorito. Cenário predileto da maioria dos treinadores brasileiros, até para mobilizar os atletas na luta David x Golias. Tira a pressão por vitória, mesmo com o "debutante" na Série A próximo do Z-4. O Cuiabá ainda fez o goleiro Marcelo Boeck trabalhar, em chutes dos laterais João Lucas e Uendel, um em cada tempo.

A equipe de Vojvoda tentou. Sempre buscando abrir o campo com dois jogadores - poderiam ser Pikachu e David, mas também Felipe e Lucas Crispim. Também criar espaços entre a defesa e o meio-campo do adversário, com a mobilidade de Robson, Matheus Vargas e Ederson. Teve 65% de posse, finalizou 19 vezes, porém apenas quatro no alvo, além da cobrança de falta no travessão de Yago Pikachu no final da partida.

Poderia ter somado mais três pontos, porém não macula a bela campanha. Inclusive com a possibilidade de um "plus" na Copa do Brasil, chegando à semifinal do torneio caso vença o São Paulo no Castelão. Consolidando uma trajetória como "intruso" entre os favoritos Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo.

Mas também precisa saber lidar com o status de favorito em muitas partidas. É a dor que contrasta com a delícia desta nova condição.

(Estatísticas: SofaScore)