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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Rocha: 9 a 2 no Olimpia é parte do "pacotão" de boas notícias no Flamengo

Willian Arão comemora gol pelo Flamengo contra o Olímpia - Staff Images / CONMEBOL
Willian Arão comemora gol pelo Flamengo contra o Olímpia Imagem: Staff Images / CONMEBOL

Colunista do UOL Esporte

19/08/2021 09h41

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A presença pela quinta vez na história em uma semifinal de Libertadores é uma ótima notícia para o Flamengo. As muitas fragilidades do Olimpia devem ser consideradas, mas enfiar 9 a 2 no placar agregado em um tricampeão sul-americano com naturalidade nas quartas é um feito e tanto para quem se atrapalhava no passado com adversários mais fracos em fase de grupos ou oitavas.

Sinal de que o clube está construindo uma história mais bem-sucedida no torneio continental. Nesta edição venceu três campeões como visitante: Vélez, LDU e Olimpia, sem contar o Defensa y Justicia, atual campeão da Copa Sul-Americana. Não é pouco.

Assim como é clara a evolução da equipe sob o comando de Renato Gaúcho. Jogando mais simples na defesa, o que faz com que os contestados Bruno Viana e Léo Pereira errem menos e ganhem mais confiança. É claro que ainda há falhas, escancaradas nos 4 a 0 do Internacional e no erro bizarro de posicionamento de Rodinei, que deixou Léo Pereira sozinho para cobrir todo lado direito e chegar vendido no combate a Rescaldo, que marcou o belo gol do Olimpia no Mané Garrincha.

O ataque compensa com volume de jogo. Liberdade de movimentação, Gabigol circulando na frente e triangulações bem claras pelos flancos: Everton Ribeiro, Arrascaeta e Isla (Matheuzinho ou Rodinei) pela direita; Filipe Luís, Diego e Bruno Henrique à esquerda. Toques rápidos e mobilidade que confundem os adversários.

As goleadas seguidas acontecem também por um maior aproveitamento das oportunidades. Enquanto Rogério Ceni valorizava mais a criação, Renato cobra mais precisão no acabamento. Inclusive de Gabigol, artilheiro da competição com 10 gols. O último de cabeça e comemorado euforicamente com o treinador, que pede mais variedade no repertório do camisa nove.

No primeiro tempo dos 5 a 1 em Brasília, o time criou bem menos que a média,porém foi preciso. Duas finalizações, dois gols. Um de Gabigol completando assistência de Rodinei, outro de Bruno Henrique conferindo de cabeça um passe espetacular de Arrascaeta. 100% de aproveitamento nas conclusões é artigo raríssimo na história dessa equipe.

Para completar o "pacotão" de boas novas, as contratações. Kenedy, emprestado pelo Chelsea, vem para entregar uma característica importante para o elenco: profundidade pelo lado esquerdo com uso do pé canhoto. Enquanto Bruno Henrique e Michael precisam cortar e ajeitar o corpo para cruzar de direita, o atacante revelado pelo Fluminense pode ser mais direto e cruzar do fundo.

Ainda pode atuar pela direita e entregar contundência cortando para dentro e finalizando. Kenedy não foi aproveitado pelo time inglês, mas teve bom desempenho na temporada 2020/21 pelo Granada, com oito gols e seis assistências.

Já Andreas Pereira é esperado para assinar contrato ainda na sexta-feira. Para estar inscrito na Copa do Brasil e ficar à disposição já na ida das quartas contra o Grêmio. O belga com pais brasileiros chega para acabar com a carência de meias criativos, podendo atuar nas funções de Everton Ribeiro e Arrascaeta, mas também de Diego Ribas como articulador por dentro.

É claro que tudo depende de readaptação ao futebol brasileiro e encaixe no elenco. Mas são contratações que atendem carências desde os tempos de Jorge Jesus. E Marcos Braz e Bruno Spindel ainda esperam vencer o Lyon pelo cansaço por Thiago Mendes, que seria boa opção como primeiro volante, função que hoje tem Willian Arão e Piris da Motta.

O clube ainda busca um zagueiro, com vários nomes especulados - o melhor deles, para este que escreve, seria Robson Bambu, ex-Athletico e hoje no Nice. Reforçar a defesa é fundamental diante das incertezas em relação às condições físicas de Rodrigo Caio, que busca um processo mais longo de reequilíbrio biomecânico e muscular, com intervenção no joelho, como última esperança para estar em campo com mais regularidade.

Agora é esperar por Fluminense ou Barcelona de Guayaquil na semifinal que será realizada nas últimas semanas de setembro e seguir forte nas outras duas frentes. Com confiança, eficiência e agora um elenco capaz de ser competitivo até se for preciso apelar para um time totalmente reserva se os jogos adiados pelo Brasileiro tiverem que ser disputados 48 horas depois da rodada corrente.

Ou alguém duvida da capacidade de uma formação com Gabriel Batista; Matheuzinho, Bruno Viana, Léo Pereira (ou o zagueiro a ser contratado) e Renê; João Gomes (ou Thiago Mendes) e Thiago Maia; Andreas Pereira, Vitinho e Kenedy; Pedro? Ao menos no papel é superior a boa parte dos times da Série A.

Renato tem qualidade à disposição para fazer o Flamengo lutar pela tríplice coroa inédita no país. Até aqui o trabalho vem correspondendo.