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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Filipe Luís na zaga é o teste em La Calera que pode arrumar o Flamengo

Rogério Ceni, técnico do Flamengo, durante duelo com o La Calera, do Chile, pela Libertadores - Alexandre Vidal / Flamengo
Rogério Ceni, técnico do Flamengo, durante duelo com o La Calera, do Chile, pela Libertadores Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

Colunista do UOL Esporte

12/05/2021 08h14

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O Flamengo não jogou bem no Chile. A grama artificial seca que prendia bola e pernas pode ter atrapalhado, assim como a queda de confiança com os erros de Bruno Viana no primeiro gol e o toque contra as próprias redes de Willian Arão no segundo do Unión La Calera.

Mas o desempenho coletivo deixou a desejar pelos muitos erros individuais também no ataque, com passes equivocados e sem a fluência das últimas partidas. Everton Ribeiro voltou a errar demais e Bruno Henrique praticamente não produziu pela esquerda.

De louvável, a força mental para não desmanchar em 26 minutos com os 2 a 0 e a persistência no jogo voltado para o ataque, mesmo depois do empate com gols de bola parada: Gabigol de pênalti, o 17º do maior artilheiro do clube, superando Zico, e Willian Arão de cabeça completando cobrança de escanteio da direita de Arrascaeta.

Foram 15 finalizações, sete no alvo. 71% de posse de bola, 86% de acerto nos passes. Sofreu, porém, seis finalizações, quatro na direção da meta de Gabriel Batista e duas entraram. O diagnóstico de Rogério Ceni e Diego Ribas após a partida está correto: os adversários costumam chegar pouco, mas conseguem vazar a defesa rubro-negra.

Mas uma substituição aos 37 minutos do segundo tempo chamou atenção. Pelo inusitado e também pela mudança em campo, mesmo que por poucos minutos: saiu Bruno Viana, entrou Ramon. Filipe Luís foi para o miolo da defesa, o que significou o Flamengo em campo sem um zagueiro de ofício, já que o companheiro era Arão. Das outras vezes em que isso aconteceu, a ideia era reforçar a defesa, formando uma linha de cinco com a entrada de Renê.

Desta vez a proposta foi ultraofensiva. Matheuzinho e Ramon nas laterais, Diego, Everton Ribeiro e Arrascaeta no meio-campo, Gabigol, Pedro e Bruno Henrique na frente. Se a pressão final não resultou na virada, ao menos sinaliza uma possibilidade de arrumar de vez o time de Ceni.

Com todos disponíveis, é possível pensar numa zaga com Rodrigo Caio e Filipe Luís. Dois jogadores técnicos e mais confiáveis, inclusive em termos de concentração, grande lacuna de Arão, Bruno Viana, Gustavo Henrique e Léo Pereira. Além disso, a estrutura da saída de bola mudaria pouco com Arão voltando ao meio-campo. Ou até "oficializando" os três na última linha de defesa.

Porque a equipe passaria a ter em Ramon um ala pela esquerda. Agressivo, que busca a linha de fundo e abre o campo, assim como Isla faz pela direita. Assim Bruno Henrique e Arrascaeta poderiam vir para dentro sem a preocupação de deixar um no setor para dar amplitude. Esse é o grande "buraco" nos mecanismos de ataque, subaproveitando o melhor jogador da Libertadores 2019, que formou dupla histórica com Gabigol no time de Jorge Jesus.

É claro que foi um teste e o ajuste não é simples, embora Filipe Luís seja um defensor completo, bem diferente do típico lateral formado no Brasil. Mas deixaria a equipe mais bem distribuída em campo e aproveitando melhor o potencial de seus principais jogadores.

Se der certo, o "sacrifício" dos dois pontos deixados no Chile com o placar de 2 a 2 que tirou os 100% de aproveitamento terá valido a pena.

(Estatísticas: SofaScore)