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É melhor para o Palmeiras cair neste Paulista. Não há análise sem contexto
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Não há como forçar os profissionais do Palmeiras a entrarem em campo para perder da Ponte Preta no Moisés Lucarelli. O Paulista faz parte do calendário brasileiro, tem premiação, cota de TV, etc.
A relevância, sim, é discutível. Com a ressalva de que é natural que torcida e clube valorizem suas conquistas. O estadual no ano passado entrou na conta da "tríplice coroa" alviverde. Na Europa, onde a expressão foi criada, representa os títulos da Liga dos Campeões, do principal campeonato do país e da copa nacional. Como o Bayern de Munique conseguiu na temporada passada. No Brasil, ninguém ainda alcançou o feito.
Mas em 2021 o Paulista se tornou um problema sério para o Palmeiras. Principalmente por ter começado antes do final da temporada anterior. Quer maior aberração que o time alviverde jogar um dérbi com o Corinthians pelo estadual entre as duas finais da Copa do Brasil? Sim, os clubes têm responsabilidade porque aceitam tudo de CBF e federações, mas não dá para tratar jogadores e comissões técnicas como robôs que executam as tarefas impostas sem maiores consequências. Se der defeito, troca uma peça, placa ou faz a reposição completa.
Gabriel Menino estourou, Abel Ferreira precisou ver a família em Portugal e não pode ser culpado por isso. Muito menos perder o direito de criticar a insanidade do calendário que carrega a maior das injustiças: pune quem é mais competente. Sempre. O Palmeiras jogou 78 partidas, o máximo possível no ano. Decidiu estadual, Copa do Brasil e Libertadores. Disputou duas partidas do Mundial, mesmo cumprindo a pior campanha de um campeão sul-americano no formato atual.
O início da temporada 2021 foi atropelado pela longa pausa entre março e julho do ano passado por conta da pandemia. Mal começou e já havia dois jogos valendo taças. O Palmeiras perdeu a Supercopa do Brasil e a Recopa Sul-Americana, ambas nos pênaltis. Contra o Flamengo no calor das 11h em Brasília, diante do Defensa y Justicia precisando encarar uma prorrogação que não deveria constar no regulamento da disputa, por ser início de temporada.
Tudo isso precisa ser considerado, sim. Não é "passar pano", só dar a importância devida a algo que é ignorado tantas vezes, por conveniência ou desonestidade (ou os dois): o contexto. Sem ele não há análise. Para um elenco desgastado por jogar muito e descansar e treinar pouco, três semanas envolvido apenas com Libertadores e se preparando para o Brasileiro seriam um alívio.
O Palmeiras errou ao não ser transparente em março e dizer que, pelas circunstâncias, o Paulista seria usado para experiências e dar minutos a reservas e jovens da base. E pelo nível do elenco, o mais homogêneo do país, poderia já estar classificado, com menos sofrimento. Sem depender do rival Corinthians contra o Novorizontino.
Se confirmar a desclassificação, a velha desculpa do "Paulistinha" virá. Como em 1999, quando conquistou a Libertadores e menosprezou a derrota contundente para o Corinthians na final. Contrastando com a festa desproporcional no ano passado, por uma vitória nos pênaltis sobre um rival combalido em final de nível técnico lamentável. Aquela incoerência típica da paixão que move o futebol.
Não derruba, porém, a constatação de que é melhor cair agora e se revigorar para novamente ser competitivo nas disputas que mais importam em 2021. Questão de bom senso.
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