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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Vasco atropela jogando final de Copa. Flamengo quis treinar e errou tudo

Morato comemora seu gol contra o Flamengo em vitória expressiva do Vasco pelo Carioca - Thiago Ribeiro/AGIF
Morato comemora seu gol contra o Flamengo em vitória expressiva do Vasco pelo Carioca Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

15/04/2021 21h33

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A FFERJ adiou o clássico no Maracanã à revelia do Vasco e atendendo o pedido do Flamengo, que planejou uma preparação para a estreia na Libertadores contra o Vélez Sarzfield. O duelo contra o time cruzmaltino seria uma espécie de "ensaio geral".

Começou a dar errado com a ausência de Arrascaeta - versão oficial de dor no tornozelo, mas a informação apurada por setoristas é um imbróglio entre empresário e diretoria rubro-negra para renovação de contrato. Piorou ainda mais com a clara desconcentração geral pela conquista da Supercopa do Brasil. Dentro da proposta de jogo de Rogério Ceni, baixar intensidade é pedir para ser surpreendido.

A escolha do treinador rubro-negro também não foi das mais felizes: não fez o simples colocando Vitinho e preferiu colocar João Gomes e adiantar Gerson - talvez pensando no jogo como visitante pelo torneio sul-americano. Se a ideia era testar, não deu certo.

O Vasco não tinha nada com isso e jogou a vida. Certamente "mordido" pelo desrespeito ao clube na remarcação da partida e tratando o confronto direto como a oportunidade de igualar forças com o maior rival que vive outra realidade no cenário nacional. O gol logo no início, com Léo Matos subindo mais que Bruno Viana, facilitou ainda mais a proposta de jogo.

Organizado em um 4-2-3-1 que negava espaços com duas linhas de quatro compactas, Marquinhos Gabriel tentando pressionar o meio-campista mais recuado do adversário e Gérman Cano adiantado contra os zagueiros. O mérito foi nunca deixar o argentino isolado. Não só Marquinhos, mas também Gabriel Pec pela esquerda e, especialmente, Morato à direita. Este o melhor em campo.

Não só pela assistência para Cano no segundo gol e indo às redes no segundo tempo, definindo o duelo no terceiro gol - com direito a comemoração que lembrou Edmundo em 1997. Ajudou Léo Matos na recomposição e, canhoto partindo da direita para dentro, fez o que se espera de Everton Ribeiro no Flamengo.

Ceni perdeu 45 minutos com uma formação que definitivamente não funcionou. E na volta do intervalo as substituições foram mais que questionáveis. Mais a saída de João Gomes, que foi um dos poucos que se salvaram na trágica primeira etapa. Mantendo os "cardeais" Diego, Gerson e Everton Ribeiro. Vitinho entrou bem e foi o melhor rubro-negro, inclusive marcando o gol no final que fechou o placar em 3 a 1.

A derrota deixa lições: exposto, Bruno Viana mostrou claras deficiências, mesmo descontando o fato de ter sido deslocado para o lado esquerdo da zaga. Na ausência de Arrascaeta, falta o passe diferente, que quebra as linhas do adversário. Muito porque Gerson e Diego arriscam pouco e a má fase de Everton Ribeiro parece eterna. Por isso os muitos cruzamentos ao longo do jogo. No mais, relaxamento sempre vai cobrar caro, mesmo para o melhor time do país. Quis treinar e tudo deu errado.

Para o Vasco o triunfo é histórico, por encerrar uma sequência de 17 jogos sem vencer o grande rival - oito derrotas e nove empates. E ainda se transforma em referência de desempenho para a sequência da temporada. Ainda que se entenda a entrega total em clássico dentro de um contexto especial, o torcedor espera algo semelhante no resto do Carioca e uma evolução para o principal objetivo em 2021: voltar à Série A nacional. Jogando final de Copa, o Vasco atropelou.