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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Fluminense de Roger Machado pode ser competitivo com Fred e Nenê?

Alef Manga, do Volta Redonda, comemora gol em partida contra o Fluminense pelo Campeonato Carioca - Thiago Ribeiro/AGIF
Alef Manga, do Volta Redonda, comemora gol em partida contra o Fluminense pelo Campeonato Carioca Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

27/03/2021 07h29

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Os titulares do Fluminense estrearam com derrota no Carioca. Em Bacaxá, os 3 a 2 impostos pelo Volta Redonda tiraram a chance de deixar o estadual com a cara esperada, na polarização Fla-Flu. O adversário, inclusive, é o líder (temporário) da fase de grupos da Taça Guanabara, com 13 pontos.

Foi o primeiro jogo e é cedo para qualquer avaliação mais profunda. Sem contar a sentida ausência do zagueiro Luccas Claro, por problemas físicos, que dificultou o trabalho defensivo. Mas já é possível avaliar a relação entre a proposta de jogo do novo treinador, Roger Machado, e o elenco à disposição.

Nenê tem 39 anos. Fred, 37. Um é o principal articulador da equipe, outro o artilheiro - marcou os dois gols tricolores na partida em Saquarema. Não jogaram mal na estreia, longe disso. Nem são o problema do Fluminense, como a boa campanha no Brasileiro deixou claro.

Só que precisam jogar mais protegidos. Difícil fugir de um 4-2-3-1 com os dois "descansando" sem bola. Requer sacrifício dos companheiros e é melhor o time se resguardar dentro de uma proposta mais reativa. Marcação mais recuada em duas linhas de quatro, saída em velocidade pelos flancos. Nenê entrega o passe diferente, Fred a finalização precisa.

A ideia de Roger, porém, é de uma equipe que tem a bola, trabalhando com o ótimo meio-campista Martinelli e Yago Felipe na articulação por trás, e adiantando a marcação, apostando no perde-pressiona para recuperar no campo de ataque e ter volume de jogo.

Só que Fred e Nenê não entregam mais intensidade para colaborar na transição defensiva. Facilitam a saída da pressão e a chegada em velocidade do adversário contra a defesa exposta. Pior ainda sem o ritmo de competição adequado e com Frazan no lugar de Claro. Explodiu tudo atrás e Alef Manga e João Carlos foram precisos para fazer 2 a 0 em 21 minutos.

As fracas atuações dos ponteiros Luiz Henrique e Lucca deixaram tudo ainda mais complicado. Melhorou bastante no segundo tempo, com os meninos Kayky e Gabriel Teixeira. O cansaço do Volta Redonda também colaborou e os gols de Fred empataram o jogo.

Roger acreditou numa virada no abafa trocando Yago Felipe por John Kennedy, outro atacante promissor. Mas o treinador Neto Colucci também tinha reoxigenado sua equipe com substituições e aproveitou o Flu ainda mais exposto para o golpe letal: Alef Manga, de novo. Ganhando de Frazan.

O Fluminense teve 62% de posse e finalizou 23 vezes, dez no alvo. O Volta Redonda concluiu 18, metade na direção da meta de Marcos Felipe. Jogo aberto, a vitória poderia pender para qualquer lado. Pouco antes do gol da vitória, Gabriel Teixeira perdeu grande chance.

A derrota não deve pesar tanto na tabela. Ficar em segundo ou terceiro é quase indiferente para a semifinal do turno, ainda mais sem interferência de mando de campo. Isso se o campeonato não parar por conta das medidas restritivas no combate à pandemia.

Mas fica a reflexão para Roger Machado. A avaliação do treinador depois da partida foi precisa: "O fato de termos sofrido defensivamente, nos contra-ataques, foi pela forma como atacamos. Atacamos com um número de jogadores alto, o que nos proporcionou criar oportunidades de gols".

A chave, para variar, é o equilíbrio. Não pode abrir mão da experiência de Nenê e Fred, especialmente na Libertadores. É obrigatório, porém, adequar o modelo de jogo ao talento disponível. O time tem que competir, mesmo com dois veteranos. Os cuidados de Odair Hellmann e Marcão não eram acaso.

(Estatísticas: Footstats)

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