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André Rocha

Grêmio é favorito na Copa do Brasil. Palmeiras briga antes com o calendário

Rony é abraçado por Alan Empereur após fazer o segundo gol do Palmeiras contra o América-MG - Cesar Greco
Rony é abraçado por Alan Empereur após fazer o segundo gol do Palmeiras contra o América-MG Imagem: Cesar Greco

Colunista do UOL Esporte

31/12/2020 08h48

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O Grêmio entrou escaldado no Morumbi. Depois de tentar sair para jogar fora de casa e ser eliminado nos pênaltis pelo Athletico na semifinal da Copa do Brasil do ano passado e surrado por Flamengo e Santos na Libertadores, o time de Renato Gaúcho se preparou para não deixar o São Paulo jogar. Simples assim.

Lucas Silva e Matheus Henrique protegendo a última linha de defesa, com o suporte de Alisson e Pepê pelos lados e até Jean Pyerre recuando para auxiliar. Muita concentração nos encaixes e perseguições para não ser envolvido pela movimentação do adversário. E ainda a melhor chance da partida, com Victor Ferraz finalizando, com liberdade total na área são-paulina, na trave de Tiago Volpi.

A equipe de Fernando Diniz perdeu muito sem o suspenso Reinaldo e o lesionado Luciano. Faltou profundidade pela esquerda e mais presença de área. Leo contribuiu pouco no apoio e Tche Tche deu certo contra o Atlético Mineiro porque teve espaços entre defesa e meio-campo do oponente para a movimentação. O Grêmio negou qualquer brecha com entrega absoluta.

O São Paulo não finalizou uma bola na direção da meta de Vanderlei em 90 minutos, também porque insistiu demais em cruzamentos (35 no total) e a posse de bola foi absolutamente inócua. Os gols perdidos por Brenner e Luciano em Porto Alegre fizeram mais falta do que se imaginava. Não adianta reclamar por pouco tempo de acréscimo ou adversário amarrando o jogo quando se produz tão pouco em casa.

É a nona final de Copa do Brasil do time gaúcho, buscando o sexto título. A cultura copeira que sempre coloca o Brasileiro por pontos corridos no final da fila e o trabalho de quatro anos de Renato tornam o Grêmio favorito na Copa do Brasil.

Também porque o Palmeiras parece estar no limite das forças. Cumpriu o papel nas competições de mata-mata, aproveitando o sorteio favorável no torneio continental e o cruzamento com o surpreendente América de Lisca, que mandou Corinthians e Internacional para casa.

O desempenho, porém, caiu vertiginosamente. O time envolvente e com setores bem coordenados deu lugar a uma equipe espaçada, que sofreu diante de um time valoroso, mas de Série B. Os comandados de Abel Ferreira por alguns momentos lembraram os piores momentos do Palmeiras de Cuca, Felipão, Mano e Luxemburgo. Dependentes demais do jogo direto e das bolas paradas, inclusive os arremessos laterais na área rival de Marcos Rocha.

Na volta no Independência, quando o América era melhor, com organização e Sávio, Juninho e Ademir incomodando no 4-3-1-2 que voltou a ser 4-1-4-1 no segundo tempo, o Palmeiras encaixou uma boa transição e Luiz Adriano tirou do alcance do goleiro Matheus Cavichioli com uma "tacada de bilhar". Sem força, porém precisa. O centroavante agora tem 17 gols na temporada, igualando Willian.

Na bola parada, o gol de Rony no rebote do goleiro que definiu a classificação de um time que melhorou um pouco com Lucas Lima, Gustavo Scarpa e Patrick de Paula em campo e desmontando um 4-2-3-1 muito engessado com Willian e Rony pelas pontas e Raphael Veiga novamente nulo na criação. O elenco novamente foi trunfo contra um adversário mais frágil.

E será fundamental para Abel Ferreira na maratona insana que terá pela frente. Nove jogos em janeiro, quase um a cada três dias. Incluindo os contra o River Plate, dias 5 e 12 pela semifinal da Libertadores. É claro que Abel pode revezar peças nas partidas do Brasileiro. Mas com cuidado, porque mesmo com a possibilidade de ampliar as vagas para a próxima edição da competição sul-americana, a distância para o Corinthians, nono colocado, é de apenas cinco pontos - com o Palmeiras ainda precisando cumprir o jogo em casa contra o Vasco para se ajustar às 27 rodadas.

Se chegar à final da Libertadores em 30 de janeiro, no Maracanã, enfiará mais um jogo no primeiro mês de 2021 e terá que rearrumar o calendário. Ou jogar com time C diante do Botafogo no dia seguinte. E sendo bi da América do Sul a coisa complica de vez: como decidir a Copa do Brasil nos dias 3 e 10 de fevereiro e disputar a semifinal do Mundial de Clubes, em Doha, no dia 7 ou 8?

É claro que se cair diante do River - nada impossível, inclusive o time argentino parece viver melhor momento - a missão será a mesma do Grêmio: focar na Copa e administrar o G-6 nos pontos corridos. Mas com um desgaste físico e mental absurdo para quem só terá uma semana livre agora, com reveillón no meio, algo que não acontecia desde o final de agosto. Bem antes da chegada de Abel Ferreira.

O português vai se virando. Renato Gaúcho foi pragmático contra o São Paulo e fará seu time novamente copeiro em outra final. Com qualidade, mas também a força mental e provavelmente mais pernas que um Palmeiras que resiste, mas parece esfacelar a cada jogo.

(Estatísticas: SofaScore)