Topo

André Rocha

Má fase de Firmino dificulta quarteto ofensivo com Jota no Liverpool

Roberto Firmino comemora após marcar pelo Liverpool contra o Sheffield - John Powell/Liverpool FC via Getty Images
Roberto Firmino comemora após marcar pelo Liverpool contra o Sheffield Imagem: John Powell/Liverpool FC via Getty Images

Colunista do UOL Esporte

09/11/2020 08h06

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Jürgen Klopp foi corajoso. É, aliás, uma marca da personalidade do treinador alemão. No Etihad Stadium contra o Manchester City de Pep Guardiola, ele resolveu arriscar o quarteto ofensivo tão sonhado no Liverpool.

O jovem português Diogo Jota, que colaborou com três gols no massacre sobre a Atalanta, foi encaixado pela direita. Sadio Mané fazia a ponta do lado oposto, formando com Henderson e Wijnaldum uma linha de quatro à frente da retaguarda na fase ofensiva. Roberto Firmino recuou na função de meia atrás do atacante mais avençado, Mohamed Salah.

Nenhuma novidade no repertório de Klopp. Esse 4-2-3-1 já foi utilizado várias vezes, inclusive na temporada passada com Shaqiri. O suíço, inclusive, entrou na segunda etapa, justamente para não alterar o desenho tático.

Mas para funcionar depende fundamentalmente de Firmino na articulação, fazendo a liga com os pontas e o "centroavante", que atacam os espaços às costas da defesa adversária. E o brasileiro não vive bom momento, talvez sentindo a sequência pesada de jogos sem pré-temporada.

Ele é o contraponto mais passador para facilitar companheiros tão rápidos. Eis a química do tridente ofensivo que já fez história e Klopp tenta acrescentar mais um elemento. Ficou claro, porém, que Jota funciona melhor com liberdade de movimentação, infiltrando em diagonal para finalizar. Contra a Atalanta, que marca adiantado e por encaixe, foi uma festa. Um desmarque e estava na cara do gol.

Aberto contra o City que tinha Cancelo como lateral destro mais fixo foi mais complicado para Jota. Já Mané conseguiu ser mais efetivo contra Walker, inclusive no pênalti que Salah converteu e abriu o placar. Mas a proposta ofensiva tinha o efeito colateral de muitas vezes permitir que Henderson e Wijnaldum ficassem em inferioridade numérica contra Rodri, Gundogan e Kevin De Bruyne.

Quando o belga conseguiu receber entre o meio-campo e a defesa do rival e acionar Gabriel Jesus, o giro sobre Alexander-Arnold e o chute na saída de Alisson empataram o jogo. De Bruyne poderia ter virado o placar, mas desperdiçou a cobrança de pênalti batendo para fora e o Liverpool se livrou da derrota.

Porque o segundo tempo foi complicado com a lesão de Arnold - mais um problema na defesa, além de Van Dijk e Fabinho. Milner entrou improvisado novamente na lateral e segurou bem atrás, mas sem entregar a profundidade do titular. Fundamental para atacar o corredor deixado pelo ponta que corta para dentro.

O 1 a 1, mesmo perdendo a liderança para o Leicester, acabou sendo um resultado interessante para os Reds pelo contexto. Mas Klopp vai precisar de Firmino na volta da data FIFA. Talvez a passagem pela seleção possa ajudar animicamente, mas o camisa nove precisava mesmo era de recuperação e treinamentos no clube para evoluir.

Em 11 jogos, apenas um gol e duas assistências. Números bem inferiores aos companheiros de ataque. Jota foi às redes sete vezes, quatro pela Liga dos Campeões. Mas Klopp sabe que o ataque com três flechas e sem arco só funciona em algumas ocasiões. Se a equipe tiver que trabalhar a bola para criar espaços fica mais complicado.

Por isso insiste com o camisa nove. Na temporada atípica, o treinador alemão vai precisar de todas as armas para se manter competitivo. As velhas e a novidade portuguesa em 2020/21.

(Estatísticas: Whoscored.com)