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André Rocha

Palmeiras foi feliz de novo em sorteio, mas data FIFA e Ceará são problemas

Técnico Abel Ferreira comanda o Palmeiras em partida contra o Red Bull Bragantino pela Copa do Brasil 2020 - Marcello Zambrana/AGIF
Técnico Abel Ferreira comanda o Palmeiras em partida contra o Red Bull Bragantino pela Copa do Brasil 2020 Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL Esporte

07/11/2020 07h56

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O sorteio das quartas de final da Copa do Brasil era livre, sem condicionamentos e, portanto, qualquer confronto era possível ao sabor dos movimentos das bolinhas. E, assim como na Libertadores, o Palmeiras foi feliz dentro das possibilidades.

Não enfrenta um time de Série B, como Grêmio e Internacional contra Cuiabá e América, respectivamente, mas o Ceará não deixa de ser mais acessível do que um hipotético clássico nacional ou estadual. E no chaveamento para as semifinais ainda fugiu do vencedor de São Paulo x Flamengo, que certamente sairá muito fortalecido do confronto.

Boa notícia para o português Abel Ferreira, que acabou de chegar e, com bom senso, manteve a proposta do interino Andrey "Cebola" Lopes na estreia contra o Bragantino. Organização defensiva, marcação agressiva e velocidade nas transições ofensivas, com pontas buscando o fundo ou as diagonais e Raphael Veiga se juntando a Luiz Adriano na área adversária.

Assim foi às redes com a joia Gabriel Verón, que entrou na vaga de Wesley. E aí começam as notícias preocupantes. O jovem que vinha entregando intensidade, rapidez, gols e assistências teve uma lesão grave no joelho esquerdo e não deve mais jogar até fevereiro. Verón é mais talentoso, porém Wesley, três anos mais velho, parecia mais pronto para o time principal.

Outro problema é a data FIFA. Esse escárnio da CBF com seus próprios campeonatos para fazer política agradando federações com estaduais inchados e cada vez menos relevantes, embora valorizados pela "cultura" dos clássicos regionais. Também a desculpa de "salvar" os pequenos que poderiam ter um calendário para o ano todo se a entidade máxima do futebol nacional se importasse de fato com os clubes.

O futebol não para e a pandemia encavalou as disputas das quartas com as eliminatórias sul-americanas. Por isso o Palmeiras não terá Weverton e Gabriel Menino, convocados por Tite, e ainda Gustavo Gómez e Viña, a serviço das seleções de Paraguai e Uruguai, respectivamente. Ou seja, a defesa só terá Luan como titular.

Um problema para o treinador português tão grande quanto o desafio de fazer seu time resolver o grande "gargalo" palmeirense nos últimos anos: criar espaços contra sistemas defensivos bem montados. Como é o caso do Ceará de Guto Ferreira, que se classificou eliminando o Santos de Marinho e Soteldo sem sofrer gols.

Sim, o time cearense foi beneficiado pela expulsão de Lucas Veríssimo ainda no primeiro tempo do jogo de ida na Vila Belmiro. Mas soube controlar uma equipe que quase sempre apresenta bom volume ofensivo e contundência no ataque. E no Castelão não teve uma finalização santista na direção da meta de Fernando Prass, segundo o SofaScore.

Guto nega espaços em duas linhas de quatro e acelera pelos lados, especialmente com Leo Chú à esquerda. Por dentro chegam Rafael Sóbis e Vinicius, ou "Vina", que definiu a classificação para as quartas com belo gol. O Ceará ainda é forte na bola parada ofensiva, subindo os zagueiros Tiago Pagnussat e Luiz Otávio, ambos com mais de 1.90 m.

O Palmeiras terá que ser agressivo no perde-pressiona para tentar roubar a bola no campo de ataque e encurtar a distância da meta de Prass. Abel não é exatamente um adepto da circulação de bola mais longa e gosta de suas equipes definindo rapidamente os ataques. Só não pode confundir velocidade com pressa. A paciência será valiosa nas quartas da Copa do Brasil.

O favoritismo é natural, assim como será na Libertadores contra Delfín e, se passar, diante do vencedor de Jorge Wilstermann x Libertad. Agora é saber o que o Palmeiras fará com ele nas sempre perigosas disputas em mata-mata. O caminho parece aberto para duas semifinais, mas há armadilhas pelo caminho. A mais perigosa, pelo contexto, pode ser a cearense.