Topo

André Rocha

Nono empate em 13 rodadas faz do Botafogo um "símbolo" no Brasileiro

Caio Alexandre comemora gol do Botafogo contra o Fluminense - Thiago Ribeiro/AGIF
Caio Alexandre comemora gol do Botafogo contra o Fluminense Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

04/10/2020 13h34

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O Botafogo demitiu Paulo Autuori pela derrota em casa para o Bahia por 2 a 1. Apenas o terceiro revés em 12 rodadas no Brasileiro, uma semana depois de se classificar para as oitavas de final da Copa do Brasil eliminando o Vasco, rival local.

Bruno Lazaroni foi efetivado e viu, na estreia, o time alvinegro repetir no Engenhão os erros que ajudam a construir a campanha inusitada que coloca no momento a equipe na penúltima colocação do campeonato. O 1 a 1 no Estádio Nilton Santos contra o Fluminense foi o nono empate em 13 partidas.

Um número surreal, mas até compreensível. Na maioria dos jogos, o Botafogo foi competitivo ou, quando jogou mal, tentou resistir. Com linha de cinco atrás depois do recuo de Rafael Forster ou com as "torres gêmeas" Pedro Raul e Matheus Babi no ataque, dupla na única vitória, justamente contra o hoje líder Atlético Mineiro.

No Nilton Santos, carimbou o travessão por duas vezes, uma em cada tempo com Rhuan e Babi. Dominou e teve as oportunidades mais claras diante de um rival fragilizado por muitos desfalques, dez pela Covid-19. Saiu atrás com o gol contra de Kevin em cabeçada de Fred e empatou com Caio Alexandre, o meio-campista que fez dupla com Rentería em um time organizado, porém sem criatividade.

Um dos problemas alvinegros. Honda tem bom passe na construção de trás, com espaço, porém não entrega passes decisivos. Bruno Nazário, que perdeu a vaga para Rhuan, oscila demais. E o clube em constante drama financeiro foi obrigado a negociar Luis Henrique, a principal opção de velocidade com capacidade de desequilibrar.

Mesmo com todas as dificuldades estruturais e a história de Autuori no clube, a solução fácil de demitir o treinador foi a escolha óbvia. Mas a situação é preocupante, até por um motivo paradoxal: o sorteio do mata-mata nacional colocou o Cuiabá na rota do Bota. Adversário complicado, líder absoluto da Série B. Mais acessível, porém, que muitos outros confrontos possíveis ao sabor das bolinhas. Chance de permanecer no torneio e faturar com mais uma passagem de fase.

Mas seguir vivo na Copa do Brasil também significa desgaste maior para sair de um cenário mais que preocupante na Série A. Ainda mais com tamanha dificuldade de pontuar. Mesmo com desempenho na média nacional. Contra o Flu foram 17 finalizações, seis no alvo. Mas sofrendo para ir às redes.

Com confiança minada e sem muito tempo para treinar, o time entra numa vala comum que ficou mais nítida nas últimas rodadas: Sem acreditar muito no próprio potencial e com medo de perder, o empate parece um bom resultado para ter alguma paz. Foram seis na última rodada e o terceiro em quatro partidas da 13ª. E quando perde o treinador balança, ou cai como Autuori.

Por isso o Botafogo é um "símbolo" deste Brasileiro em contexto único. Mas esta realidade só afunda o clube no inferno do Z-4.

(Estatísticas. SofaScore)