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André Rocha

Título carioca confirma: Flamengo de Jesus é o time de Everton Ribeiro

Everton Ribeiro despertou no Fla-Flu decisivo e contribuiu para a conquista do  título carioca - Thiago Ribeiro/AGIF
Everton Ribeiro despertou no Fla-Flu decisivo e contribuiu para a conquista do título carioca Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

16/07/2020 11h14

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O Flamengo confirmou seu favoritismo na conquista do 36º título carioca de sua história como maior vencedor estadual. Pelo abismo técnico, um "protocolo" cumprido com mais dificuldades que o esperado. Em um torneio que só ganhou relevância por ser o único em disputa, fruto de uma volta apressada e até irresponsável em meio a uma pandemia sem sinal de achatamento na curva de contágio.

Dito isto, a análise da atuação da equipe de Jorge Jesus, em comparação com os outros dois clássicos decisivos, deixou claro que, em paralelo com os méritos do Fluminense de Odair Hellmann ao equilibrar um duelo que já era muito desigual no aspecto técnico e ainda contou com uma enorme desvantagem no aspecto físico por ter retomado os treinamentos bem depois do rival, o Fla no duelo derradeiro contou com melhor desempenho de uma peça fundamental.

Everton Ribeiro foi tão mal na decisão da Taça Rio que começou no banco de reservas a partida seguinte, primeira das finais. Entrou no segundo tempo e também pouco produziu. Ainda que sua maior responsabilidade seja a de encontrar os passes mais criativos para os companheiros, a sequência de erros técnicos e decisões equivocadas saltava aos olhos. Assim como a falta de mobilidade para buscar os espaços entre as linhas do oponente.

Bastou o camisa sete e capitão entrar em sintonia e aumentar a rotação para o Flamengo controlar totalmente o Flu no primeiro tempo do jogo final. Domínio, giro rápido e passe quase sempre para frente, dando sequência aos ataques. Se a assistência para Bruno Henrique driblar Muriel e se atrapalhar na hora de finalizar foi um raro lampejo de Arrascaeta, Everton Ribeiro fez algumas boas ultrapassagens com Rafinha, Arão e também serviu Pedro no chute cruzado que passou perto da trave direita.

No 4-1-3-2 com variações táticas, Everton Ribeiro é quem dá a liga entre o trio construtor - Gerson por dentro e os laterais Rafinha e Filipe Luís, já que Willian Arão é mais um protetor da zaga - e o trio finalizador: os artilheiros De Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique. Trabalho discreto, mas essencial. Se ele não gira, o time trava.

No segundo tempo finalizou por cima e depois contribuiu para a administração do empate que dava o título. No gol de Vitinho, participou da pressão que fez Egídio rebater errado e depois deu opção de passe dividindo atenção da defesa e facilitando o chute desviado que caiu nas redes e definiu mais uma taça.

A quinta com Jorge Jesus em um ano de trabalho. Ou sexta, se contar a Taça Guanabara. Mais conquistas que as quatro derrotas de um time histórico. Segue a dúvida se o português volta ao Benfica, apesar do silêncio de Jesus e os sinais positivos de Rodolfo Landim e Marcos Braz.

Seja como for, a decisão carioca com o toque de melancolia pela ausência da torcida e de sensatez confirmou: o Flamengo é o time de Everton Ribeiro. Termômetro e craque "silencioso" de uma equipe vencedora.