Supercopa: um título que vale quase nada, mas que não pode acabar

São muitos os eventos no futebol desenhados apenas para gerar receita. Invenções, títulos de 90 minutos, jogos sem expressão real, que vão e vêm ao bel-prazer de alguns poucos dirigentes.

A Supercopa é um deles. Gera enorme audiência, renda de bilheteria, patrocínios, unindo os campeões brasileiros (ou um vice) para supostamente definir o grande campeão nacional. Grande coisa.

Nunca dei muita bola para troféus de um jogo só. Não é torneio.

Mas, pelo segundo ano seguido, a Supercopa nos brindou com um jogo absurdamente equilibrado, com quatro gols no tempo normal e uma emocionante disputa de pênaltis. Quem ousará reclamar e pedir seu fim? Não eu.

Ainda mais em um cenário no qual é preciso tolerar os campeonatos estaduais nos primeiros meses do ano. Disputas tão modorrentas, que inventamos crises quase diárias para nos manter entretidos.

Os estaduais viraram pré-temporadas, campeonatos que mais atrapalham do que ajudam os grandes. (Observação: não defendo seu fim, necessariamente.) Basta ver quantos treinadores já foram demitidos, com três, quatro rodadas de paulista, gaúcho etc. Mal dá para despertar com os clássicos. Considera-se, na prática, que a temporada não começou de verdade.

A Supercopa transformou-se, então, no verdadeiro pontapé inicial da temporada. Um despertador. À exceção de quem vai ao Mundial, os torcedores atravessam janeiro e fevereiro apenas semialertas, tentando descobrir onde vão passar os jogos do seu time quase que por obrigação de ofício.

Até que entram em campo dois dos melhores clubes do país e enchem os olhos de quem gosta de futebol. Hulk, Nacho, Arana, Gabigol, Bruno Henrique, todos sob o comando de dois técnicos estrangeiros recém-chegados. Vinte e quatro pênaltis. Eu repito: 24 pênaltis, com direito à pitada de polêmica nas costas do português, que não escolheu Gabigol para bater o primeiro penal da segunda rodada, pelo Flamengo. Como ousas, Paulo Sousa? Fogo no parquinho.

Enfim, graças às deusas por partidas como os de hoje. Que não valem nada, mas valem muito a pena.