Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O mundo do futebol e sua eterna porradaria virtual
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Eu ia deixar para escrever a coluna só na sexta, falando da rodada final do Brasileirão. Mas a internet não deixa. Eu ia escrever algo positivo, conforme autocrítica necessária feita no texto passado. Mas a internet não deixa. Eu ia evitar assuntos polêmicos, a fim de não me aborrecer muito. Mas a internet não deixa.
Esta semana tivemos casos graves de racismo cometidos na sequência do lançamento do vídeo da Puma com a nova camisa do Palmeiras. Uma campanha bonita, marcada pela diversidade dos modelos escolhidos, de repente atacada por uma enxurrada de comentários indecentes nas mídias sociais. Claro que a enxurrada de condenação a estes crimes foi muito maior, mas não deixa de me chocar o nível de conforto que os racistas sentem em destilar seu ódio publicamente.
O que também pode ser dito dos misóginos. Estão bem à vontade. Tuitei algo sobre gordofobia uns dias atrás. Não demoraram a chegar comentários como "sai daqui, militante chata pra caralho", "fodase" (sic), "muié comentando..." e "agora manda uma foto da teta". Teta esta, aliás, que naquele momento estava ocupada amamentando meu filho.
Logo depois, vieram os comentários sobre o possível mau-caratismo de alguns jogadores de futebol. Time vai mal em campo e adquirimos o direito de questionar a índole de homens que, em diversos casos, passaram por dificuldades que muitos de nós, privilegiados, nem sequer sonhamos. Cadê o limite, gente?
A bola entra em campo e correndo saem a compaixão, o respeito, o mínimo de educação?
Vejo um monte de conversa sobre o futuro de Vanderlei Luxemburgo depois do fiasco no Vasco e pouca sobre as dezenas de funcionários que serão demitidos com a redução na renda do clube pós-rebaixamento. Pessoas que ganham um salário mínimo e perderão toda a sua renda.
Pouco papo também sobre os efeitos de longo prazo da Covid nos inúmeros atletas que contraíram o vírus ou o impacto de ser apedrejado no caminho para o trabalho. Ou as ameaças (pouco veladas) a jogadores que devem honrar o time ou prestar contas na volta, com sua dignidade - e talvez até segurança - condicionada ao resultado dentro de campo.
A violência virtual não só é real, como abre caminho para a violência ao vivo.
Acho que para todos nós vale o constante lembrete de que altos salários, camisas de peso, espaços de destaque na mídia, nada disso diminui nossa humanidade, nossa fragilidade, nossa propensão ao erro.
Cautela e canja de galinha, por favor.
Grata, a militante chata.
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