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Jovem cria suturas de baixo custo que mudam de cor para detectar infecções

Reprodução/Instagram @terrionna.dasia
Imagem: Reprodução/Instagram @terrionna.dasia

Carolina Vellei

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

20/06/2021 06h00

A tecnologia de insumos médicos tem avançado a níveis nunca antes imaginados. Hoje, já é possível detectar infecções em suturas por informações que chegam diretamente aos smartphones e computadores de médicos e pacientes. Mas o avanço, capaz de salvar vidas, ainda não está disponível para todos devido ao seu custo elevado.

A boa notícia é que existem pessoas que querem mudar essa realidade. É o caso de Dasia Taylor, uma estudante de apenas 17 anos que descobriu uma forma bem mais barata de identificar infecções em feridas pós-cirúrgicas. Depois de vencer uma feira de ciências estadual e se tornar finalista em uma competição nacional, a jovem agora busca patentear a sua invenção.

Dasia mora em Iowa City, nos Estados Unidos, e começou a trabalhar no projeto em outubro de 2019, depois que sua professora de química, Carolyn Walling, compartilhou informações sobre feiras de ciências em todo o estado com a classe.

Identificando o problema

Durante a sua pesquisa para definir um tema, a estudante viu que as infecções após cesarianas em alguns países na África, como Serra Leoa, atingem até 20% das mulheres que dão à luz desta forma, número considerado alto pelos médicos.

Engajada na luta pela igualdade racial e social, Dasia encontrou as informações sobre as suturas "inteligentes", mas viu que elas não conseguiriam chegar aos países mais pobres. Decidiu, então, começar a pesquisar maneiras de tornar essa tecnologia mais acessível.

Em 2020, depois que sua escola fez a transição para o ensino remoto devido à pandemia, ela conseguiu autorização para usar o laboratório em dias alternados. Lá, passava de quatro a cinco horas diárias trabalhando em seus experimentos.

"Descobri que a beterraba muda de cor no ponto de pH perfeito", disse em entrevista à revista do Instituto Smithsonian. Ela percebeu que o suco de beterraba vermelho brilhante torna-se roxo escuro quando entra em contato com um ambiente menos ácido, como o da pele com infecção.

O próximo passo foi encontrar um fio de sutura que segurasse a tinta. Para isso, testou dez materiais diferentes, incluindo o fio de sutura padrão, para verificar sua compatibilidade com o corante. No fim, descobriu que o fio de algodão com poliéster era o que mais se adequava à sua invenção.

Reconhecimento

Ao desenvolver sua pesquisa, ela ganhou prêmios em várias feiras regionais de ciências antes de avançar para o cenário nacional. Em janeiro, Dasia foi nomeada uma das 40 finalistas da Regeneron Science Talent Search, a competição de ciência e matemática mais antiga e prestigiada do país para alunos do último ano do ensino médio.

Apesar de não ter ficado entre os dez primeiros colocados da feira, Dasia foi escolhida pelos finalistas, após uma votação, como ganhadora do Prêmio Seaborg, tornando-a porta-voz de seu grupo. "Eu pretendo continuar minha pesquisa e garantir que este projeto seja lançado e as pessoas realmente tenham acesso a essa descoberta. E isso salvará vidas", promete.

Inspiração para crianças

A estudante já está conseguindo notar os impactos positivos de seu trabalho na sociedade. Ela contou à CNN que ficou muito feliz ao descobrir que sua pesquisa inspirou crianças em uma escola de ensino fundamental em Massachusetts, que fica a mais de 1,2 mil km de distância de sua cidade.

A professora que fez a atividade pediu que a turma lesse o trabalho de Dasia e que cada um escrevesse um parágrafo sobre a parte que achou mais inspiradora. Ao receber um documento de 24 páginas com os pensamentos de todos os alunos, a jovem disse que chorou. "Se eu puder inspirar alguém a fazer algo grande, esse é o significado de sucesso em minha mente", reflete.