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"I Know This Much is True" traz um doloroso retrato sobre família e perdão

Mark Ruffalo como Thomas e Dominick em "I Know This Much is True" - Divulgação
Mark Ruffalo como Thomas e Dominick em 'I Know This Much is True' Imagem: Divulgação

Mariana Tramontina

Colaboração para o Ecoa

11/09/2020 04h00

Os irmãos Dominick e Thomas Birdsey (ambos interpretados por Mark Ruffalo) nasceram em uma família cheia de segredos. A começar pela mãe, Ma (Melissa Leo), que sempre se recusou a divulgar a verdadeira identidade do pai biológico deles. Ela morreu de câncer e deixou para os dois um padrasto abusivo e controlador (John Procaccino), que batia nos gêmeos quando eram crianças.

Décadas mais tarde, enquanto Dominick se tornou um homem estável, Thomas desenvolveu esquizofrenia e paranoia. Quando um incidente faz com que Thomas seja internado em um rígido manicômio, tirar o irmão dali passa a ser uma dívida de vida para Dominick, que faz todos os esforços para isso acontecer, enfrentando a realidade de seu tumultuado relacionamento e os fantasmas do seu passado —que revelam como seu controle emocional não era tão sólido assim.

A minissérie da HBO "I Know This Much is True", baseada no best-seller de mesmo nome escrito por Wally Lamb e lançado com mais de 900 páginas em 1998, é em sua essência sobre família, sacrifícios e perdão. É sobre o conforto e o fardo dos vínculos familiares. E esses temas são explorados pelas lentes mais aflitivas do sofrimento. São só seis episódios, mas definitivamente não são fáceis de serem assistidos, especialmente em tempos de pandemia e miséria. Mas toda dificuldade é recompensada no final.

É uma história triste e que nos leva ao limite emocional, mostrando a dor causada por doenças mentais e traumas geracionais. Dominick, o narrador da história, é um homem bom, mas incapaz de reconhecer os danos que causa, e vive preso à raiva e à dor. Tudo parece dar errado para ele, e a gente torce para que este cara possa ter pelo menos um momento de paz interior. Lisa Sheffer (Rosie O'Donnell), assistente social de Thomas, acha Dominick tão difícil de lidar quanto seu irmão com transtorno neurológico.

Mas, por mais doloroso que seja, é emocionante ver a atuação poderosa de Mark Ruffalo como os gêmeos e as nuances tão individuais que ele emprega em cada um. Como Dominick, sua personalidade traumatizada nos exige empatia e piedade. Como Thomas, sua característica é angustiante. São seis horas de soco no estômago, mas há um alívio quando Dominick passa a compreender o poder de assumir suas próprias falhas e a perdoar aqueles que o causaram algum mal. O mesmo vale para todos nós.

Talvez fosse mais fácil assistir à minissérie se estivéssemos vivendo tempos melhores. Por outro lado, "I Know This Much Is True" nos permite ter contato com as lições que Dominick aprendeu para seguir em frente, lembrando que o amor cresce do perdão e que da destruição vem a renovação. Em tempos sombrios, é bom lembrar que não se chega à luz sem atravessar a escuridão.

Mark Ruffalo - Divulgação - Divulgação
Mark Ruffalo como Thomas e Dominick em 'I Know This Much is True'
Imagem: Divulgação