Uma imaginação livre e saudável é essencial durante a infância
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É só escutar e imaginar. São as duas ações preciosas que um podcast pode oferecer, além, é claro, da informação contida no áudio. Quando tive a ideia do Maritaca, isso faz uns 17 anos, não se ouvia a palavra podcast, hoje tão em alta. Eu, de verdade, queria fazer um programa de rádio com o objetivo de oferecer um leque de opções musicais de boa qualidade para as crianças. A realização do programa se deu dez anos depois da sua criação. As crianças, então, já estavam conectadas a vídeos para comer, para dormir, no caminho para a escola, no quintal de casa, ou seja, fritando seus puros neurônios com informações que geralmente não servem para nada. Meu filho tinha quatro anos na época, e eu estava preocupada, e ainda estou, com o tempo de exposição às telas. Já sabia, naquele momento, que um programa para a criança escutar iria na contramão de tudo o que é pensado para a infância. E era isso mesmo que eu queria. Sou especialista em remar contra a correnteza, e isso nem sempre é um mérito.
Além de tudo o que sempre ouvimos sobre a exposição ao excesso de telas na infância, sinto em especial que a imaginação, uma das coisas mais preciosas da criança, acaba brutalmente assassinada pelo imediatismo das imagens. Imaginar, criar, inventar é o que nos faz caminhar, evoluir, sentir, sonhar. Quem lê um livro e depois vê o filme normalmente não sai feliz porque "o mundo de dentro da gente é maior do que o mundo de fora da gente", já diria André Abujamra.
Ouso dizer que se ao invés de um grande domínio de escolas conteudistas, que preparam as crianças a partir dos cinco anos para entrar em grandes universidades, tivéssemos mais escolas que estimulam a criatividade, a sensibilidade e a imaginação, teríamos uma sociedade mais empática, mais feliz e amorosa e com soluções melhores para a humanidade enfrentar as crises que ainda não temos a menor ideia de como resolver. A imaginação e a criatividade salvam!
Escute os episódios do Programa Maritaca relacionados ao tema:
Um deleite para os fãs de livros ilustrados: está em fase de pré-venda pela Companhia das Letrinhas o clássico "Onde Vivem os Monstros", de Maurice Sendak. A obra completa 60 anos de publicação em 2023 e estava fora de catálogo no Brasil desde 2015, com a extinção da Cosac Naify. Na história, o menino Max, vestindo sua fantasia de lobo, apronta tantas confusões em casa que a mãe o manda dormir sem jantar. Sozinho no quarto, o garoto embarca numa grande aventura imaginária que inclui velejar num pequeno barco, chegar na ilha onde vivem os monstros e ser nomeado rei de todos eles. Traduzido para mais de 20 idiomas e recentemente eleito por um júri da BBC como o melhor livro infantil de todos os tempos, o título traz uma narrativa textual e visual tão rica que a cada leitura pode-se desvendar novas camadas.
PITACO DE FILME
Quando pensamos em dar asas à imaginação, vale voltar ao clássico "Mary Poppins", lançado em 1964 com Julie Andrews no papel da personagem-título. A excêntrica babá que desce do céu usando um curioso guarda-chuva, que arruma o quarto das crianças em um mágico estalar de dedos e que transforma os cavalos de um carrossel em cavalos de verdade acaba enchendo de alegria a vida dos pequenos Jane e Michael - e transformando, no fim, a vida de toda a família Banks. Com uma trilha sonora cativante e deliciosa, o musical levou cinco estatuetas do Oscar, incluindo a de melhor atriz para Andrews.
PITACO DE MÚSICA
Ouvir as composições de André Abujamra em família pode ser uma grande viagem, assim como levar as crias para ver o show do Karnak pode ser uma experiência única para todes. A poesia de André é simples, profunda e amplia as imagens internas. Em seu álbum "Mafaro" há uma música chamada "Imaginação" que pode arrancar boas risadas das crianças com as imagens criadas pelo compositor, além de falar sobre o nosso mundo interno com uma alegria que poucos compositores têm.
Expediente
Criação: Mariana Piza
Edição: Camila Rossi
Produção: WIP Ventures
Ilustrações Maritaca: Estúdio Anêmona
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