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Notícias da Floresta

REPORTAGEM

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A luta dos centros de atendimento à fauna silvestre: a eficiência mineira

Exame de ultrassonografia em tamanduá-mirim no Cetras Patos de Minas (MG) - IEF MG
Exame de ultrassonografia em tamanduá-mirim no Cetras Patos de Minas (MG) Imagem: IEF MG

09/10/2021 06h00

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O modelo de gestão implementado em Minas Gerais tem na palavra "parceria" a chave para seu funcionamento. União, Estado, Ministério Público estadual e ONG atuam juntos para que animais tenham atendimento de qualidade.

Minas Gerais é a unidade da federação com a maior quantidade de centros do Ibama (Belo Horizonte, Montes Claros, Juiz de Fora e Nova Lima). Apesar de pertencerem ao órgão ambiental federal, desde 2013 elas são compartilhadas com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), que possui também unidades em Divinópolis e Patos de Minas.

Nos três centros compartilhados, onde há equipes com biólogos, veterinários e tratadores dos dois institutos, foi implantada uma dinâmica simples de funcionamento. Animais que chegam por meio de órgãos federais e de entregas voluntárias da população são responsabilidade do Ibama. Já os levados por órgãos do governo do Estado ficam com a equipe do IEF.

A sinergia de parceiros mineiros tem na ONG Waita um elemento fundamental quando o assunto é mão-de-obra especializada. A entidade é responsável por incorporar estudantes de Biologia, Veterinária e Zootecnia nos trabalhos do centro da capital mineira, que recebeu 11.224 animais em 2019 e 8.015 em 2020.

"Como os órgãos governamentais são morosos na contratação de funcionários, a Waita garante mais agilidade para conseguir gente para trabalhar. São cerca de 30 estagiários e voluntários por semestre", relata a presidente da ONG, Fernanda de Souza Sá. O Ministério Público de Minas Gerais tem auxiliado os centros de triagens com equipamentos fornecidos por empresas que cometem infrações ambientais e assinam termos de ajustamento de conduta mediados pelo órgão.

O IEF informou à Mongabay que no início de 2022 deverá inaugurar um Cetras em Paracatu. Para 2023 e 2024, há projetos para aberturas de um centro em Uberlândia e outro Lavras. O que também tem ajudado bastante o funcionamento adequado dos centros mineiros é a rede de áreas de solturas. Atualmente, são 62 e há previsão para a implantação de mais 90 até 2024.

Yuri considera que, apesar do passar dos anos, ainda não foi dada a real importância que os centros de triagem merecem, mas houve um aumento dos setores que assumiram essa responsabilidade. "Os Cetras tiveram um redimensionamento nas suas funções e têm tido uma melhoria significativa de estrutura e qualidade de atendimento", destaca. Para o biólogo, "os centros ainda carregam o grande fardo de um passado obscuro, escrito por gestões sem parâmetros e normativas, em que o instinto, muitas vezes, foi o delineador de situações de conflitos".

Para Angela Maria Branco, apesar do aumento do número centros de atendimento, a quantidade e estrutura das unidades são insuficientes e pouco representam para o atendimento dos milhares de animais vitimados. "A sociedade deve exigir que os governos respeitem a legislação ambiental e estruturem centros voltados ao atendimento dos animais silvestres, visando primordialmente sua reintegração na natureza, além da realização de estudos em saúde pública", concluiu.

(Por Dimas Marques/Fauna News)

Esta reportagem faz parte da série sobre os centros de atendimento à fauna silvestre publicada em três partes na coluna Notícias da Floresta.

Notícias da Floresta é uma coluna que traz reportagens sobre sustentabilidade e meio ambiente produzidas pela agência de notícias Mongabay, publicadas semanalmente em Ecoa. Esta reportagem foi originalmente publicada no site da Mongabay Brasil.