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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A resistência precisa ser interseccional

Giuseppe Manfra/iStock
Imagem: Giuseppe Manfra/iStock

20/11/2021 06h00

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Hoje, 20 de novembro, comemora-se o Dia da Consciência Negra, para relembrar o poder da pessoa negra e sua resiliência e resistência contra aqueles que se sentiam superiores. Esse é um dia de mostrar a igualdade das raças e a riqueza de suas ancestralidades, que jamais poderão ser apagadas.

Uma grande amiga me relembrou também que neste mesmo 20 de novembro temos o Dia Internacional da Memória Trans. Um dia para nos lembrarmos de tantas pessoas trans que lutaram, deram a cara a tapa, e que eventualmente morreram, muitas vezes de forma brutal, apenas por desafiarem a lógica cisnormativa.

Essas duas datas guardam muito em comum. Quando percebemos que, em sua maioria, as vítimas da transfobia são mulheres negras e periféricas, vemos como essas resistências se interseccionam e não podem ser tratadas de forma isolada.

E assim vemos que as pessoas devem ser tratadas no seu todo, sem enfatizar essa ou aquela característica. Cada ser, em sua singularidade, faz sua resistência sem pensar muito se pende para um lado ou outro; está tudo misturado e compartimentar essas características de suas resistências seria muito contraproducente.

Infelizmente, não é o que vemos nos movimentos atuais. Sempre existe esse afã de enfatizar uma característica, como fator de amálgama do coletivo em si. E quando as singularidades de cada membro aparecem, o conflito também aparece. E cabe ao coletivo organizado tratar esses conflitos de forma a manter o grupo coeso e unido.

Uma resistência que queira abarcar todas as pessoas oprimidas pela normatividade, qualquer que seja ela, precisa ser interseccional, ou não será um coletivo plural. A minha luta pode ser diferente da luta de outra pessoa; a nossa força vem do que nos une na resistência, mas também do que nos separa.