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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como nos distraímos durante a pandemia?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

27/03/2021 06h00

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Esta semana estive envolvida numa ficção romântica. Delírios da quarentena que se traduziram em pensamentos de amores que nunca acontecerão. E em sensações boas que há um bom tempo eu não sentia. Logo a ficção se dissipou com a revelação da triste realidade, mas os ímpetos de empolgação e felicidade surgidos permaneceram.

E fico me perguntando: como temos nos incentivado a viver diante de tanta notícia ruim? No momento em que escrevo, ultrapassamos 300 mil mortes pela covid-19, e este ciclo de morte parece estar longe de um final. E como o humor dos meus últimos textos mostrou, parece que achar uma forma de estar bem é até um desatino nas condições atuais.

Mas cada pessoa procura sobreviver da forma que dá. Achar passatempos ou diversões fáceis na quarentena, que algumas pessoas ainda insistem em seguir ainda que muita gente ache que é bobagem, talvez seja uma forma de lidar com a tristeza da situação. E é algo válido.

Conversei com várias pessoas amigas e conhecidas, e todo mundo tem procurado alguma distração e algum ímpeto de pequena felicidade nestes tempos sombrios: assistir filmes e seriados, se exercitar, beber (por que não?), trabalhar (novamente, por que não?)... Enfim, nos viramos como podemos.

Eu escolhi me apaixonar, ainda que a outra parte não esteja a par disso (risos). Já conversei com vocês várias vezes sobre como lido com relacionamentos e como acredito, ou melhor, como não acredito tanto na concretização desse amor romântico. Mas ele está aí, esperando para se aparecer e florescer.

Acredito que a pandemia veio para nos ensinar que nós, como seres sociais que somos, não podemos ficar sós no mundo. Precisamos de alguma coisa que nos conecte com o outro e assim possamos ter um pouco de paz de espírito. E quando chegarmos à posição de poder voltar a ter um convívio social decente, essas relações, por vezes tão rasas, podem dar lugar a formas mais profundas de conhecimento do outro.